A diamantífera sul-africana De Beers vai investir 33,2 milhões de dólares (30 milhões de euros) em dois novos projetos mineiros em Angola, que ocupam uma área correspondente a um quinto de Portugal.
Os contratos de investimento, para prospeção de depósitos primários nas províncias da Lunda Norte e da Lunda Sul, foram hoje assinados em Luanda, entre a De Beers e o executivo angolano.
Numa breve resenha do processo negocial, Mara Oliveira, integrante da comissão que negociou os contratos, adiantou que foram necessárias 30 reuniões, entre outubro de 2021 e abril de 2022, para chegar ao fim do processo.
A Endiama, diamantífera estatal angolana terá uma participação de 10%, em cada projeto mineiro, com intenção de aumentar para um máximo de 20%.
As áreas de exploração abrangem quase 20.000 quilómetros quadrados no total, sendo o prazo de concessão de 35 anos.
Para o projeto de Muconda (Lunda Sul), está previsto um investimento inicial de 26 milhões de dólares e outorga de direitos de exploração de depósitos primários e secundários, estimando-se uma fase de prospeção de 5 anos.
Para o Lumboma (Lunda Norte), o investimento inicial é de 7,2 milhões de dólares estando pré-reservados os direitos existentes relativos aos depósitos primários e secundários, mediante solicitação.
Angola negociava há vários anos o regresso da De Beers ao país num processo de recuperação da confiança da diamantífera sul-africana, que o próprio governo angolano reconheceu como “difícil”.
A diamantífera abandonou a exploração de minas em Angola em 2012 devido a conflitos com o governo angolano, liderado, na altura, por José Eduardo dos Santos.
Respondendo às perguntas dos jornalistas, após a assinatura dos contratos, o CEO da De Beers, Bruce Cleaver, disse que a empresa “sempre encarou Angola como altamente prometedora do ponto de vista da indústria de diamantes” e mesmo quando decidiu cessar a exploração, manteve um escritório em Luanda
O responsável, que não fez referência as disputas anteriores, assinalou que a decisão coincidiu com o período de crise financeira que se viveu na época, sublinhando que a empresa continuou a manter o interesse no país africano.
Bruce Cleaver elogiou as reformas, entretanto empreendidas pelo executivo liderado por João Lourenço, e que considerou terem criado condições mais atrativas para os investidores estrangeiro.
“O ambiente está a ficar cada vez mais convidativo para investidores estrangeiros”, afirmou.
Por outro lado, o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, afirmou que, “em vez de olhar para o passado, devemos olhar para o presente e o futuro”, já que “o passado serve para aprender e evitar repetir os mesmos erros”.
Diamantino Azevedo congratulou-se com o regresso ao país “de uma das maiores empresas diamantíferas do mundo”, uma “mensagem clara para o mundo de que as medidas politicas e legislativas tomadas pelo executivo angolano são efetivamente eficazes, transparentes e atrativas” e que Angola é “opção de escolha para a indústria diamantífera mundial”.