Adalberto Costa Júnior afirma existir no país um projecto de manutenção de poder a qualquer preço, que ignora o desenvolvimento social e económico e está em assente em violações dos direitos humanos.
Execuções sumárias e demolições em Angola são duas de várias consequências da consolidação do poder autocrático, alertou, em Benguela, o presidente da Unita, numa comunicação em que teceu duras críticas ao MPLA, partido no poder.
Ao analisar os desafios e as oportunidades num Estado Democrático e de Direito, na última semana, a convite da organização cívica Omunga, Adalberto Costa Júnior afirmou existir no país um projecto de manutenção de poder a qualquer preço, que ignora o desenvolvimento social e económico.
Essas acusações foram feitas semanas após a apresentação da agenda política do partido no poder, no Bié, num acto aproveitado pela vice-presidente, Luísa Damião, para reafirmar compromissos com a democracia e aumento de serviços sociais básicos.
A Omunga tentou promover um frente-a-frente entre Costa Júnior e o deputado do MPLA Mário Pinto de Andrade, que até esteve em Benguela, mas o presidente da UNITA rejeitou, alegando que só debatia com o seu homólogo, o líder do partido no poder.
Sem João Lourenço, com quem tencionava já debater na última campanha eleitoral, falou para militantes do seu partido, jovens estudantes e organizações da sociedade civil, tendo alertado que as autocracias não respeitam os direitos humanos.
“Faço a afirmação ainda mais precisa: o partido que nos governa tem um projecto de manutenção do poder a qualquer preço, impedindo o desenvolvimento. As autocracias não respeitam a dignidade da pessoa humana, como vemos com as demolições, as execuções sumárias aumentaram nas últimas semanas, nunca cessaram nas Lundas, são um escândalo em Luanda”, ressaltou Costa Júnior, acrescentando que “há jovens baleados, foram oito, mais dez corpos no Bengo, baleados, as autoridades estão em silêncio, a vida humana perde importância, muitas mortes estão associadas a limpeza de organizações de defesa e segurança”.
O líder da UNITA apontou consequências económicas deste projecto de manutenção de poder e consolidação da autocracia.
“Há injustiça na distribuição da riqueza, outro perigo, assim como problemas no acesso ao emprego e ao crédito. Há também a criação de monopólios na mão dos amigos, que são a destruição do verdadeiro empresário, descapitalizado e a sofrer uma concorrência desleal dos monopólios criados pelo poder político”, vincou o líder da oposição.
Em sentido contrário, a vice-presidente do MPLA, Luísa Damião, disse, no início do mês de Março, que a agenda do seu partido prevê o reforço da democracia e o aumento de serviços básicos a nível das comunidades.
Tal como noticiou a FMFWorld.Org, ela apontou o seu partido como a força capaz de levar a cabo as transformações necessárias, realçando que os dez eixos estratégicos da agenda vão garantir prosperidade.