As Universidades de Angola não constam entre as 350 melhores cotadas no continente africano, segundo o ranking da Webometrics que coloca a universidade Agostinho Neto (UAN) na posição 360, melhor classificada, seguida da universidade Óscar Ribas, no lugar 692.
Académicos angolanos entendem que a classificação não surpreende devido a várias razões, como inexistência de um processo selectivo dos professores, baixos salários dos docentes, o que não permite a produção de documentos científicos e o facto de Angola não aderir às convenções internacionais que impõem determinados padrões.
O secretário de Estado do Ensino Superior disse à FMFWorld.Org não poder comentar o assunto por desconhecer o ranking.
De acordo a Webometrics, as universidades sul africanas dominam o ranking, ao ocuparem oos primeiros quatro lugares.
O professor universitário Nelson Domingos considera haver duas razões que fazem com que as universidades angolanas não constem entre as melhores de África.
“Passa por um processo selectivo rigoroso de professores e estudantes e valorização estes docentes, imagine, que só aqui na região da SADC Angola é o país que pior paga os seus professores e, por outra, as nossas instituições de ensino pouco produzem conteúdos científicos, não estão ligados a grandes redes de produção e investigação cientificas”, aponta Domingos
O também académico Carlinhos Zassala, que durante muito tempo chefiou o Departamento de Psicologia de uma das unidades da universidade pública Agostinho Neto diz que “o facto de Angola nunca ter aceite aderir às convenções internacionais, como a de Arusha por exemplo, faz com fiquemos à margem e sem padrões comparativos em África, e sobretudo na região da SADC”.
Por seu lado, Paulo de Carvalho, professor catedrático e coordenador de Mestrado e Doutoramento em Ciências Sociais na universidade Agostinho Neto (UAN) destaca muitos estrangulamentos nos vários sistemas de ensino angolano que levam a estas posições em rankings internacionais.
“Para ingressar na universidade hoje, os estudantes não precisam estudar porque os testes são do tipo Totobola, basta o estudante ter sorte, outro aspecto é a qualidade dos professores que deixa muito a desejar, o nível dos estudantes vai caindo, no ingresso como na saída”, sublinha Carvalho, quem acrescenta o facto de haver estudantes de cursos de mestrados e mesmo doutorandos que compram trabalhos feitos por outras pessoas”.
Aquele académica aponta a “a falta de rigor como outro mal das instituições de ensino angolanas”.
Paulo de Carvalho lembra que “sempre um indivíduo com doutoramento é que tem de assumir cargos de chefia em faculdades e universidades, mas nós hoje ainda temos indivíduos só com mestrado como reitores de universidades, e quando chegam lá fora, têm necessariamente de aldrabar, se é mestre como é que chegou a reitor de uma universidade?”
Outro aspecto levantado como factor que impede Angola de não fazer parte do grupo das melhores universidades prende-se, segundo o professor de Relações Internacionais Osvaldo Caholo, com a ausência de liberdade académica nas instituições angolanas.
“Esta classificação, só vem atestar que em Angola não existe educação, muito menos universidades, o que temos no país são autênticos centros de extermínio do raciocínio, pela simples razão de não haver liberdade académica, o exemplo é facto de pessoas como Osvaldo Caholo apesar das valências ser proibida de leccionar, são considerados mentes perigosas, o que há em Angola e em abundância são ´escravos´ com qualificação”.
A FMFWorld.Org solicitou um comentário sobre a posição das universidades angolanas no ranking africano ao secretário de Estado do Ensino Superior Eugenio da Silva, que, no entanto, mostrou-se indisponível para tal, alegando não conhecer o referido ranking.
“Não comento nada que não conheço”, disse Silva.
No Ranking Webometrics, divulgada em Janeiro, a nível mundial, a universidade Agostinho Neto (UAN), aparece na posição 6.834.