A Consultora Oxford Economics Africa considerou hoje que a descida da inflação para 12,2% durante este ano dará espaço ao banco central de Angola para descer a taxa de juro para 250 pontos base.
“Graças a efeitos de base positivos, preços mais baixos das matérias-primas e um abrandamento no crescimento das taxas monetárias e de agregados de crédito, prevemos que a inflação desça de 21,3% em 2022 para 12,2% em 2023; a descida da taxa de inflação vai sustentar mais cortes de até 250 pontos base em 2023”, escrevem os analistas.
No comentário sobre a evolução da inflação e das taxas de juro, enviado aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os analistas desta consultora britânica lembram que o Banco Nacional de Angola já cortou a taxa de juro de referência em 200 pontos base desde setembro e acrescentam que “a decisão de baixar a taxa de juro, de 19,5% para 18% em janeiro reflete o declínio na inflação em 2022 e está em linha com os objetivos de médio e longo prazo de chegar a uma inflação com um dígito”.
O espaço de manobra para descer as taxas de juro, seguindo o movimento descendente da inflação em Angola, é também dado pelo contexto internacional, dizem os analistas.
“O banco central considera que o crescimento da economia mundial e a inflação deverão moderar-se este ano, num contexto de políticas monetárias restritivas, reduções nos problemas das cadeias de abastecimento e de uma correção nos preços das matérias-primas não petrolíferas”, diz a Oxford Economics Africa, lembrando que o BNA prevê uma aceleração da expansão económica de Angola, de 3,2% em 2022 para 3,3% este ano, e uma redução da inflação, de 13,9% em dezembro para entre 9 a 11% no final de 2023.
O Banco Nacional de Angola reduziu no dia 20 de janeiro todas as taxas de juro diretoras, cortando a taxa básica (BNA, de referência para os créditos), em 1,5 pontos percentuais, de 19,5 para 18%.
A taxa de juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez desceu de 21% para 18%, enquanto a taxa de juro da facilidade permanente de absorção de liquidez passou de 15% para 14%.
A nível nacional, “os fundamentos macroeconómicos continuam favoráveis”, disse José de Lima Massano no final da reunião, no dia 20, apontando o desempenho positivo da conta de bens que registou um saldo superavitário de 30,92 mil milhões de dólares (+41,92% do que em 2021), aproximadamente 28,51 mil milhões de euros.
As Reservas Internacionais situaram-se em 14,48 mil milhões de dólares (13,35 mil milhões de euros), o que corresponde a uma cobertura de cerca de seis meses de importações de bens e serviços.