O antigo governante moçambicano, detido na África do Sul desde dezembro de 2018 a pedido dos EUA, está envolvido no caso das “dívidas ocultas”, contraídas entre 2013 e 2014.
O Tribunal Superior de Gauteng, em Joanesburgo, ordenou esta quarta-feira a África do Sul a extraditar o ex-ministro das Finanças moçambicano Manuel Chang, preso há quase três anos sem julgamento, para os Estados Unidos, invalidando a extradição para Moçambique.
Após a leitura da sentença, de 75 páginas, por videoconferência, a juíza Margarete Victor, concluiu que a decisão do ministro da Justiça sul-africano Ronald Lamola “é inválida”.
“Em resultado, ordeno, em primeiro lugar, que a decisão do segundo respondente [ministro da Justiça] em 23 de agosto de 2021 para extraditar o primeiro respondente [Manuel Chang] para a República de Moçambique é declarada inconsistente com a Constituição da República da África do Sul, de 1996, e é inválida e nula”, declarou.
Em segundo lugar, a decisão do segundo respondente [ministro da Justiça] em 21 maio de 2019 é substituída pelo seguinte: o Sr. Manuel Chang deve ser entregue e extraditado para os Estados Unidos da América para ser julgado pelos seus supostos crimes, nos Estados Unidos da América, tal como está contido no pedido de extradição de 28 janeiro de 2019″, concluiu a juíza sul-africana.
O antigo governante moçambicano, detido na África do Sul desde dezembro de 2018 a pedido dos EUA, está envolvido no caso das “dívidas ocultas”, contraídas entre 2013 e 2014 junto das filiais britânicas dos bancos de investimentos Credit Suisse e VTB pelas empresas estatais moçambicanas Proindicus, Ematum e MAM.
Os empréstimos foram secretamente avalizados pelo Governo da Frelimo, liderado pelo Presidente da República à época, Armando Guebuza, sem o conhecimento do parlamento e do Tribunal Administrativo.