O ex-Presidente de Angola desembarcou no Dubai no dia 21 para visitar Isabel dos Santos, que ainda não tinha visto desde que a morte do genro a 29 de outubro. Manuel Vicente chegou no mesmo dia.
Foi a primeira vez que José Eduardo dos Santos saiu de Barcelona desde 2019: viajou para o Dubai onde está desde a passada segunda-feira, para passar o Natal com a filha Isabel dos Santos. Depois de ter faltado ao funeral, em Londres, do genro Sindika Dokolo, que morreu no dia 29 de outubro, o ex-Presidente de Angola decidiu estar junto da filha na época natalícia, noticiaram vários órgãos de comunicação social angolanas e confirmou o Observador junto de fontes próximas do círculo de José Eduardo dos Santos e da presidência de Angola.
Segundo uma nota da embaixada de Angola em Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos, citada pela imprensa angolana, o ex-Presidente chegou nas “primeiras horas do dia 21 de dezembro, no voo EK 186 das Emirates Airlines” tendo “ficado hospedado no Andrews Fountain Views Hotel”. Tinha à sua espera no aeroporto não só Isabel dos Santos como o embaixador Albino Malungo, que fez questão de prestar todo a ajuda técnico-protocolar ao grupo de apoio ao ex-Presidente, “conforme solicitado pelo Cerimonial do Presidente da República”. A missão diplomática manteve mesmo alguns funcionários da embaixada em Dubai devido “às restrições de movimento entre Abu Dhabi e Dubai”.
Curiosa é a referência, na mesma nota, ao facto de o embaixador ter presenciado, nesse dia, ” no Terminal 3 do aeroporto, a chegada do ex-vice-Presidente, Manuel Vicente” que desembarcou do “voo EK 794, com proveniência de Luanda”.
Tudo não terá passado de “uma coincidência”, assegura ao Observador a fonte ligada ao círculo do ex-Presidente. Até porque a relação entre os dois, que já não era a melhor nos últimos anos do mandato de José Eduardo dos Santos, sofreu mais um rude golpe na semana passada. Segundo o Expresso, Manuel Vicente terá entregue diretamente a João Lourenço documentos que implicam diretamente o antigo amigo nos negócios de corrupção na Sonangol.
Este poderá significar mais um passo no cerco que a justiça angolana tem feito à família Dos Santos na luta contra a corrupção e que se acentuou há um ano quando os bens de Isabel dos Santos foram arrestados e José Eduardo dos Santos referenciado numa peça processual como tendo favorecido ilegitimamente a filha. Já depois do escândalo Luanda Leaks, de 19 de janeiro deste ano, a que já foi considerada a mulher mais rica de África, foi mesmo constituída arguida por alegada má gestão e desvio de fundos durante a sua passagem pela Sonangol, e em agosto, o filho mais velho, Filomeno dos Santos, condenado a 5 anos de prisão.