No último dia de campanha eleitoral, o maior partido da oposição UNITA, com o apoio da estrutura da FPU (Frente Patriótica Unida), escolheu o município do Cazenga, em Luanda, para a realização do seu último acto público de massas de campanha.
Num evento marcado com forte presença de jovens em plena tarde de segunda-feira, 22, o líder da UNITA reafirmou a sua certeza de vitória nas eleições do próximo dia 24 de Agosto, independentemente das “artimanhas que possam ser utilizadas pelo partido-estado”.
“Todos os angolanos perceberam que a vitória desta ampla frente nas listas da UNITA representa uma realização de Angola, uma realização do seu sonho, dos projectos da juventude e da mulher”, disse Adalberto da Costa Júnior, presidente da UNITA.
Costa Júnior criticou a governação do partido MPLA, considerando-a insuficiente e incapaz de materializar as “reformas esperadas” para a construção de uma Angola para todos, apesar das expectativas criadas em volta dos últimos cinco anos de governação de João Lourenço.
Sobre a transição de poder política, em caso de vitória, o vice-presidente da lista da UNITA, Abel Epalanga Chivukuvuku, despistou qualquer possibilidade de conflitos como resultado das eleições.
“Todos os boatos que andam aí a dizer é mentira! Tudo vai correr bem. Nós somos irmãos e concidadãos. A mudança tem que ser pacífica e ordeira”, disse o também líder do projecto político Para-Já Servir Angola.
Reconhecimento de melhorias na imprensa
Durante o seu discurso, Costa Júnior voltou a apelar a necessidade de uma imprensa pública transparente que confere a todos os actores políticos um tratamento justo, reconhecendo algumas melhorias.
“Foi com grande satisfação que nós nos apercebemos que quase na parte final da campanha começamos a ter o privilégios, e satisfação, de podermos ser transmitidos para o país”, disse o líder do partido do galo negro.
“Apesar de tardia, nós aplaudimos este início de transmissão”, acrescentou.
“E esperamos que assim seja até ao fim”, concluiu o líder.
“Estamos aqui sem sermos coagidos por ninguém”
Com uma visível insuficiência de equipa policial foi difícil, nalguns momentos, conter as expectativas dos cerca de 12 mil jovens que assistiram ao comício nesta tarde. No meio da multidão colorida com as cores do partido, encontramos Hélder Nzagi, 25.
Sem estudar nem trabalhar, Zage diz que viu no comício de hoje uma oportunidade de dar força a um partido que, na sua visão, “representa a mudança para os jovens”.
“Temos constatado que ao longo dos anos não há mudança neste país. Então sentimos que o presidente Adalberto da Costa Junior é alguém que pode nos levar a esta mudança”, ele disse à VOA, assegurando que não ser nem nunca ter sido militante da UNITA.
“Estamos aqui em massa, por livre e espontânea vontade sem sermos coagidos por ninguém”, garantiu.
A energia que se viu nos meses que antecederam o pleito eleitoral não é “momentânea” diz Eva de Coimbra, militante do partido. Para ela, a energia de 2022 “veio para ficar”.
“Como militantes não estamos a dar cinco anos ao nosso presidente, porque sabemos que em cinco anos ele não vai resolver o que fizeram em 47”, reagiu a jovem que acredita que “nunca é tarde para recomeçar, Angola tem futuro”.
Pedro Marcos, 21, é estudante. Diz nunca ter sido militante de nenhum partido político mas que sente a necessidade de apoiar o presidente da UNITA.
“Eu vim apoiar porque ele é um presidente exemplar, simples e porque tem uma política séria e com compromisso”, ele nos disse.
Sobre a campanha “votou e sentou” depois do exercício do voto, Marcos diz que vai “votar e sentar” por sentir a necessidade de controlar e defender o seu voto.
“Não vamos fazer distúrbios nem confusões. Vamos estar lá com toda a paz e sinceridade”, garantiu.
O evento da UNITA contou com a presença de distintos observadores internacionais e peritos em eleições, com particular destaque para a expressiva presença da Missão de Observação Eleitoral da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa) e do seu chefe, Jorge Carlos Fonseca, antigo de Cabo Verde.