Dirigentes religiosos e de organizações não-governamentais da sociedade civil angolana pediram hoje ao Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) que realize, de facto, as promessas eleitorais repetidas durante as campanhas.
Durante um encontro de apresentação do programa de governo, vários dirigentes criticaram algumas das propostas mas, mais do que isso, a não concretização de promessas feitas há cinco anos.
“Precisamos de ver coisas concretas feitas”, resumiu o padre Celestino Palanca, da Comissão Nacional de Justiça e Paz, criticando que o combate à corrupção se tenha reduzido ao esforço na recuperação de ativos em vez de “mudanças estruturais” na sociedade.
As questões ambientais são preocupação da Igreja Católica, que aponta o desmatamento exacerbado e a seca como problemas estruturais aos quais o executivo não tem dado resposta. “É como se estivéssemos a falar com outro governo”, desabafou Celestino Palanca.
António Mussaqui, secretário-geral da Aliança Evangélica de Angola, seguiu a mesma argumentação e questionou o MPLA sobre a concretização das promessas, caso vença as eleições de quarta-feira.
“O que é que nos garante que algumas questões que são problemas mandato após mandato se vão resolver?” – perguntou à conselheira presidencial Fátima Viegas, que esteve em parte da cerimónia.
Poucos apoios para deficientes e idosos, falta de desenvolvimento do interior, o pouco acesso a infraestruturas básicas de água e saúde bem como problemas na educação básica e no ensino superior foram alguns dos problemas elencados pelos dirigentes presentes.
Perante estas observações, Fátima Viegas respondeu que “será feita uma súmula e as questões serão levadas acima, a quem de direito”.
Na sua intervenção, a dirigente disse que o MPLA é hoje um “partido mais aberto à sociedade” e este tipo de encontros visa “melhorar as propostas” do comité central.
Na apresentação de hora e meia das propostas do governo, por três dirigentes do MPLA e elementos de gabinetes governamentais, foi repetido por todos que o objetivo é manter uma continuidade relativa ao primeiro mandado de João Lourenço, admitindo vários problemas estruturais, mas sem nunca fazer referência a executivos anteriores do MPLA, que governa Angola desde 1975.
A cerimónia foi iniciada por uma oração de um sacerdote que agradeceu a iniciativa do MPLA.
“Que o senhor Deus abençoe o novo governo” “abençoe o Presidente da República e todo o elenco do executivo para que possamos todos promover a paz e a concórdia”, disse na cerimónia, a cinco dias das eleições, o pastor Matias Teixeira Vinte, da Igreja Adventista.
Angola vai a votos em 24 de agosto para escolher um novo Presidente da República e novos representantes na Assembleia Nacional.