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Eleições Gerais 2022: Membros do Bloco Democrático (BD) “descontentes” com lista da UNITA nas eleições gerais de agosto

O Bloco Democrático vive um momento de crispação. Muitos discordam da lista de candidatos apresentada pela UNITA, onde foram integrados membros do BD com “poucas probabilidades” de serem eleitos nas eleições de agosto.

A posição em que os membros do Bloco Democrático (BD) foram colocados na lista de candidatos a deputados, apresentada pela União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), gerou descontentamento interno.

Trata-se da primeira vez que esta família política admite divergências, publicamente, sobre assuntos internos.

O sindicalista Manuel de Victória Pereira, o ex-vice-presidente do partido Luís Nascimento e o ex-candidato a secretário-geral Adão Ramos são algumas das individualidades que, em carta aberta, manifestaram descontentamento pela forma como as negociações decorreram na plataforma política conjunta, a Frente Patriótica Unida.

Victória Pereira diz mesmo que a Frente Patriótica se revelou um “embuste, ou manobra de diversão, para sujeitar o Bloco Democrático a integrar alguns elementos seus na lista de candidatos da UNITA a deputados à Assembleia Nacional”.

Dirigentes do BD com poucas probabilidades de serem eleitos

O analista político Eduardo Chipilika considera que a principal razão para o descontentamento no BD foi a colocação de alguns dirigentes em lugares sem garantias de serem eleitos.

“É verdade que são 220 deputados e nos parece que o objetivo primordial era estar melhor posicionado. Ora, quem faz política devia compreender os critérios objetivos e subjetivos que as lideranças determinam. Então, a pergunta que se coloca é: se estivessem em posições mais elegíveis, haveriam de se manifestar em carta aberta?”

Entre as primeiras 20 pessoas na lista da UNITA, entregue ao Tribunal Constitucional, consta apenas um nome de um militante do Bloco Democrático: o de Justino Pinto de Andrade, que aparece em quarto lugar.

O diretor do Observatório Eleitoral Angolano, Luís Jimbo, entende, no entanto, que a ambição política de alguns dirigentes do Bloco Democrático estará a ofuscar o êxito dos acordos celebrados no âmbito da criação da “Frente Patriótica Unida”.

Militantes questionam se BD fez bem em integrar a Frente Patriótica

Luís Jimbo diz que “o que aconteceu foi Luís Nascimento e Victória Pereira mostrarem uma posição de que esta Frente não deveria aglutinar-se a um partido como a UNITA. Adão Ramos não exclui a Frente, mas rejeita uma posição não elegível. Isso, para mim, só pode ter razões pessoais, só pode ser uma ambição política, o que é normal.” 

Os resultados do pleito de 24 de agosto deverão ditar uma nova era no chamado partido dos intelectuais, diz o analista Eduardo Chipilika.

“Ali veremos a maturidade dos militantes do Bloco Democrático. Se olham, efetivamente, para os seus egos, ou para o partido. Porque devem perceber que, para ir para uma corrida, há derrotas e vitórias”, afirma o analista em declarações à DW África.

A estratégia do Bloco Democrático em optar por sair da coligação CASA-CE e aliar-se à UNITA, incorporando a sua lista de candidatos a deputados, pode ser uma faca de dois gumes. A aliança poderá ter um custo político no futuro, caso o Bloco Democrático não concorra às eleições de 2027, correndo o risco de ser extinto.

Mas Luís Jimbo diz que essa não é ainda uma ameaça real, porque, nas suas palavras, “estamos ainda perante as eleições de 2022; só depois disso é que vamos para 2027 e, no meio disso, ainda temos as eleições autárquicas”.

 

 

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