A Uma Semana das eleições gerais em Angola, a expetativa aumenta entre os eleitores. Estas deverão ser as eleições mais renhidas de sempre no país. Muitos angolanos, em particular os mais jovens, defendem que já é tempo do partido Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) sair do poder, depois de quase cinco décadas de governação.
O eleitor Adé Satembe exerceu pela primeira vez o seu direito de voto em 1992 e diz que a ansiedade que nota na juventude hoje em dia é muito semelhante à de há trinta anos. Paira novamente no ar um desejo de mudança, comenta Satembe.
“Em 1992, foi a primeira vez que os angolanos participaram no pleito eleitoral, e as pessoas estavam prontas para participarem, porque era uma novidade para Angola, era uma viragem. Agora, a juventude também está ansiosa para poder participar nas eleições deste ano. A corrida que se está a ver é semelhante à de 1992.”
O eleitor Castilho Kahango, disse que, este ano, o processo eleitoral está mais organizado do que o primeiro. “Em 1992, foi o primeiro pleito eleitoral e o país estava em conflito armado. Naquela fase o país não estava organizado. Acredito que 2022 está muito melhor”, disse em entrevista à DW África.
Eleições “nunca foram transparentes”
Vários partidos da oposição e algumas organizações da sociedade civil queixam-se de irregularidades no processo, incluindo a existência de nomes de eleitores falecidos nos cadernos eleitorais.
Mila da Paixão, residente no município do Lobito acredita que o sistema eleitoral angolano é fraudulento desde 1992. E diz que nem a velha, nem a nova geração de eleitores se pode deixar enganar este ano.
“Só as crianças é que são aldrabadas. É sabido por todo o mundo que as eleições no nosso país têm sido fraudulentas e nunca foram transparentes. Porque se fossem transparentes, já teria havido outros partidos a governarem”, afirma Mila da Paixão, que apela aos eleitores a votarem pensando nas próximas gerações.
Outra jovem eleitora, Julivandra de Jesus, diz que vai votar a 24 de agosto para ajudar a resolver os problemas do povo angolano.
“Nós almejamos que haja alternância no poder político, estamos expectantes que essas eleições venham fazer história e sejam diferentes das passadas, uma vez que as estratégias de governação do partido no poder já não estão a ser suficientes.”
João Lourenço, que se recandidata à Presidência da República, pediu mais tempo para concretizar os projetos que iniciou há cinco anos. Lourenço diz que o MPLA é o único partido com “obras para mostrar” e promete uma “Angola melhor do que a que encontrou”. A oposição diz que quase cinco décadas de MPLA já é tempo suficiente.