O Presidente da coligação CASA-CE pediu a intervenção do Governo para ajudar a resolver o problema dos delegados de lista, que reclamam pagamento dos serviços prestados nas eleições, e hoje vandalizaram a sede do partido, em Luanda.
Em declarações à Lusa, Manuel Fernandes disse que está a haver uma “onda de revolta”, em parte instigada por oportunismo, que tem levado centenas de delegados de lista, que acompanharam as votações nas eleições gerais da semana passada, às sedes dos partidos reclamando subsídios.
“A situação está fora do nosso controlo”, lamentou o presidente da Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), frisando que nunca deu orientações no sentido de ser feito qualquer pagamento aos delegados de lista que devem fiscalizar o ato eleitoral “por razões de patriotismo e militância política, e não em troca de qualquer compensação”.
Admitiu, no entanto, que embora não tenham sido essas as instruções da direção do partido “possa ter havido alguns erros” e que tenha sido transmitida outra mensagem.
Segundo Manuel Fernandes, em eleições anteriores os partidos recebiam um subsídio exclusivo para os delegados de lista, o que não aconteceu este ano.
O problema tem afetado também outros pequenos partidos que concorreram às eleições gerais e que têm sido alvo da fúria dos seus delegados de lista, que se queixam de ter sido enganados, como a Lusa relatou anteriormente.
“Pedimos a quem de direito que olhe para esta situação e tente encontrar uma solução para acalmar os ânimos e evitar que aconteça alguma coisa menos boa e que deixemos de dar trabalho à polícia”, apelou.
Na semana passada, a polícia tinha sido já chamada a defender as sedes da Aliança Patriótica Nacional (APN), Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), Partido da Renovação Social (PRS) e Partido Humanista de Angola (PHA), partidos da oposição com quem a direção da CASA-CE está a concertar posições para tentar resolver o problema.
Esta manhã, a sede da CASA-CE na Maianga foi palco de cenas de violência, com vários jovens a arremessar objetos e a tentar entrar à força no edifício.
Manuel Fernandes explicou que os danos aconteceram só na zona exterior já que os jovens que protestavam não conseguiram aceder ao interior da casa , lamentando que haja algum “aproveitamento no sentido de denegrir o partido” e obter ganhos financeiros, inclusive por parte de quem não teve qualquer participação ativa na fiscalização das votações.
A CASA-CE inscreveu mais de 33.000 delegados para as eleições gerais, dos quais cerca de 13.000 em Luanda.
Questionando sobre as contestações que vão apresentar face aos resultados finais das eleições, segundo os quais a CASA-CE deixa de ter representação parlamentar, perdendo os 16 deputados que tinha, revelou que a equipa técnica ainda está a trabalhar nessa matéria.
A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) anunciou na segunda-feira que o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) venceu as eleições em Angola com 51,17% dos votos contra 43,95% da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).
O MPLA arrecadou 3.209.429 de votos, elegendo 124 deputados, e a UNITA conquistou 2.756.786 votos, garantindo 90 deputados.
O PRS foi o terceiro partido mais votado com 1,14% do total, elegendo dois deputados, seguindo-se a FNLA, também com dois assentos parlamentares e 1,06% dos votos.
O PHA será a nova formação política do parlamento angolano, estreando-se com dois deputados depois de conquistar uma votação de 1,02%.
A CASA-CE, que tinha 16 parlamentares, perde todos os assentos, não indo além dos 0,76% dos votos.
A APN e o Partido Nacionalista para a Justiça (P-Njango) são os outros dois partidos concorrentes que não conseguiram mandatos e ficaram abaixo de 0,50%, devendo ser declarados extintos.
O plenário da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) proclamou assim Presidente da República de Angola, João Lourenço, cabeça de lista do MPLA, o partido mais votado, e vice-presidente, Esperança da Costa, segunda da lista do MPLA.