A UNITA, partido na oposição angolana, acusou hoje o MPLA, no poder, de fazer campanha eleitoral “bilionária”, onde “despende verbas de forma desordenada”, e pediu uma investigação aos órgãos judiciais, tendo voltado a recusar o alegado financiamento de corruptos.
“Não somos nós que dispomos de enormes quantias para gastar na campanha eleitoral. Pelo contrário, a opinião pública sabe que quem está a fazer uma campanha bilionária, cheia de propaganda, através de vários veículos, despendendo rios de dinheiro é o partido ainda no poder”, afirmou o diretor-geral da campanha eleitoral da UNITA, Lukamba Paulo “Gato”.
O político da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido na oposição, que falava em conferência de imprensa, em Luanda, considerou que o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) e o seu candidato estão a gastar dinheiro de “forma desordenada”.
“Na verdade, essa forma desordenada de despender verbas para uma campanha sem limites, devia despertar o interesse dos órgãos de inspeção do Estado a constituir o mandatário da candidatura de João Lourenço e seus apoiantes a apresentar contas da campanha, incorporando todos os custos e justificar a sua proveniência”, defendeu.
A UNITA, que fazia o balanço das três semanas de campanha eleitoral, visando o escrutínio de 24 de agosto, voltou a recusar que esteja a ser financiada pelos “marimbondos” (espécie de vespa que se tornou sinónimo de corruptos).
O Presidente de República de Angola e candidato do MPLA às eleições, João Lourenço, reafirmou, na semana passada, o combate à corrupção e acusou a UNITA de pactuar com corruptos.
“Angola está efetivamente a combater a corrupção”, disse João Lourenço num comício em Malanje, considerando “irónico” que alguns dos seus concorrentes digam que o MPLA “não está a fazer nada”.
“O que é irónico é que esses que defendem esse ponto de vista fizeram um pacto com os corruptos, estão a comer no prato dos corruptos, estão a ser financiados pelos dinheiros saídos de Angola pela porta da corrupção, esses são os seus reais financiadores”, sublinhou Lourenço, insinuando que a candidatura do presidente da UNITA estará a ser financiada por pessoas visadas pela justiça angolana.
“Não temos que nos admirar em termos de alianças, essa oposição já teve alianças piores do que estas, quem se aliou ao ‘apartheid’ não admira que se alie aqueles que esvaziaram os cofres do Estado e levaram esses recursos para outras economias, quem se alia ao ‘apartheid’ [a África do Sul apoiou a UNITA na guerra civil, enquanto o MPLA era apoiado pela União Soviética e Cuba] facilmente se alia aos corruptos que fugiram de Angola acusados da prática de corrupção”, apontou.
Lukamba Paulo desvalorizou as acusações classificando-as como uma “campanha que visa parar o grande e crescente movimento de adesão a Adalberto Costa Júnior e à UNITA”.
“Até porque, é visível que a nossa campanha se tem debatido com escassez de recursos, ao ponto de não ter utilizado meios e veículos dispendiosos, fazendo a disseminação da sua mensagem eleitoral através de conferências, passeatas, comícios e tempos de antena”, argumentou.
O diretor-geral da campanha eleitoral da UNITA falou também de “várias irregularidades” do processo eleitoral, nomeadamente a inclusão de cidadãos mortos na lista dos eleitores, a deslocalização dos eleitores e a não divulgação das listas dos eleitores e a falta de cadernos eleitorais.
Para as quintas eleições gerais da história de Angola, marcadas para 24 de agosto, concorrem oito formações políticas, que por esta altura calcorreiam as 18 províncias angolanas na campanha eleitoral.