O Presidente da UNITA disse hoje que é obrigatório expurgar os mortos das listas de eleitores, acusando o Governo angolano de cometer “um crime” que não vão deixar passar em branco.
Adalberto da Costa Júnior falava aos jornalistas após a apresentação do manifesto eleitoral da união Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) em Benguela, depois de questionado sobre as denúncias feitas nas redes sociais sobre a existência de pessoas mortas registadas como eleitores.
Para o líder do partido do “Galo Negro”, estão em causa crimes contra a Constituição, bem como a violação da lei eleitoral e dos partidos políticos.
“É de lei, o expurgar dos mortos das listas, é dolo, é crime aquilo que o Governo fez. Quando um Governo, intencionalmente, pratica crime, (são) ações de dolo, formalmente materializadas quando o ministro entrega oficialmente à Comissão Nacional Eleitoral, os ficheiros com os mortos”, lamentou.
Angola realiza eleições gerais no dia 24 de agosto, estando habilitados a votar mais de 14 milhões de eleitores, que foram apurados através do registo eleitoral oficioso.
“Estamos a tratar com um Governo que pratica ilegalidades sobre ilegalidades com intenção: desespero. São mais de três milhões de votantes que estão lá naquelas listas, mortos”, criticou o dirigente, apelando aos responsáveis do Governo: “demitam-se porque não são competentes para servir Angola”.
“O Governo não é sério, pratica o crime à procura de uma vitória do partido que o sustenta, não estão à espera que vamos deixar passar isto em branco”, prosseguiu, admitindo ações futuras, que não detalhou.
Justino Pinto de Andrade, dirigente do Bloco Democrático que suspendeu a militância para participar nas listas da UNITA, disse que “há motivos para desconfiar, porque há informações do passado”.
“Da forma como se adulteram resultados eleitorais, até pode ser que estes mortos venham a votar depois da votação, estamos escaldados com tantas águas quentes que foram lançadas sobre nós”, destacou o político.
“É preciso deixar claro que a justeza das eleições não é só no dia em que se que se vota, é todo um processo desde que se assiste a um ambiente político nacional que não é de abertura e em que uns têm mais vantagens do que os outros”, observou, por outro lado, Abel Chivukuvuku, número 2 da lista e coordenador do projeto político PRA-JÁ Servir Angola.
Salientando que há “fortes indicadores de má-fé” e de incompetência, Abel Chivukuvuku sublinhou ainda: “vamos a tempo de corrigir, se o regime assim entender” para “transmitir confiança no processo”.
A UNITA e o seu principal adversário, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), no poder desde a independência, dão hoje o pontapé de partida da campanha eleitoral.
A UNITA escolheu Benguela para o seu comício, que será presidido por Adalberto da Costa Júnior, enquanto o MPLA preferiu Luanda, onde o Presidente João Lourenço, também presidente de Angola, discursou esta manhã.