Em países em que prevalece a democracia como regime que move a estrutura estadual e política (partidos políticos e sociedade civil), quando há processos eleitorais é importante que os cidadãos compreendam “quais são” os objectivos dos agentes e grupos políticos, ou mediante a visão da perspectiva individualista e racionalista, face a ajuda da Psicologia Política não se surpreenderem com os segredos comportamentais do jogo eleitoral, em que os jogadores demonstram que querem maximizar os ganhos e minimizar as perdas.
Obviamente, em Angola, em 1992, 2008, 2012 e 2017 observamos do ponto de vista das decisões políticas ou eleitorais muitas “variáveis independentes como as atitudes, opiniões, intenções e tendências dos partidos políticos” (Abel Lelo, 2018).
Deste modo, conhecendo os comportamentos com relação aquelas atitudes e tendências dos jogadores políticos angolanos, formula-se a seguinte questão para reflexão – em 100% do poder quantos porcento os partidos políticos angolanos querem obter no jogo eleitoral de 2022?
A resposta desta pergunta, embora mereça instrumento (inquérito ou entrevista), não pode merecer uma resposta superficial, tendo em conta que o termo PODER é extensivo, ou seja é a expressão dos meios com vários tipos, sendo o tipo político o mais determinante e empregável. Sim, a referida busca ou luta da percentagem do poder, não é o nacional entrelaçado ao poder económico, cultural, científico-tecnológico e ideológico etc, pois é o poder político e vamos com dados das eleições de 2017 e uma dose filosófica, responder a pergunta.
Quando falamos 100% do poder , pressupõe que só a maior percentagem é o poder político coercível (75%), as outras percentagens consideramos que são os poderes que resultam dos votos dos eleitores em assento dos outros partidos da oposição, partidos que apesar de mostrarem que querem os 75% do poder, psicologicamente a tendência no jogo, sempre é chegar a Assembleia Nacional (ou nos 25% do poder legislativo), um poder que, na verdade, é casa dos debates convergentes e divergentes sobre a razão do Estado ou o que Jean-Jacques Rousseau chamou de vontade geral (em que se confluem as aspirações do povo, havendo vantagens que ultrapassam a função da representatividade).
Por exemplo, em 2017, “seis partidos em Angola entraram em jogo eleitoral, e verificamos naquele período que a tendência da estrutura política era tirar o MPLA e José Eduardo dos Santos do Poder, era um fenómeno tenso a despeito dos presos políticos (15+2) e outras situações abonatórias que o Político João Lourenço desmistificou”.
No jogo de 2017 havia o MPLA, UNITA, CASA-CE, PRS, FNLA E APN (Dorival, 2021).
_ MPLA obteu 61.05% do poder;
_ UNITA obteu 26.72% do poder;
_ CASA-CE obteu 9.49% do poder;
_ PRS obteu 1.33% do poder;
_ FNLA obteu 0.91% do poder;
_ APN (não conseguiu obter poder);
Assim (afora o MPLA que está com 61% do poder político), depois deste exercício, formula-se a seguinte questão inclusiva – No jogo eleitoral de 2022, quantos porcento do poder a UNITA, CASA-CE, PRS, FNLA, APN e o novo partido NDJANGO querem obter? Decerto, a resposta deve ser ontológica e, somente, podemos dizer que quanto as percentagens de 2017 e as ajudas que recebe actualmente dos grupos de interesse e pressão, a UNITA é o partido do jogo que está mais próximo para obter 75% do poder, vencendo o MPLA numa eleição transparente, e sem corrupção eleitoral, facto que não é fácil, tendo em conta que o MPLA não quer perder os 75% (ou 61%) e como governo tem vantagens para africanamente se fortalecer no poder.
Portanto, “não é que os outros partidos supra elencados não podem conseguir os 75% do poder (efectivamente podem porque é o fim maior), mas a verdade é que devemos despertar os cidadãos que, atendendo a realidade do nosso sistema político, muitos partidos que entraram e entrarão no jogo eleitoral, não entrarão para governar com 75% do poder eventualmente simbólico na esfera do MPLA”. Pois, com a força do MPLA, veremos todos eles a lutarem com transparentes anseios de estarem no parlamento, em que prevalece os 100% do poder (em política não há acções estáticas).
Assim, o objectivo deste texto é partilhar à luz da teoria da perspectiva racionalista e individualista, sem descurar a Psicologia Política emprestada pela Ciência Política, que no jogo eleitoral, nem todos partidos políticos lutam para alcançarem 75% do poder, alguns se medem no sistema político tão complexo como de Angola, e cuja tendência ou objectivo é só conseguir assento parlamentar ou 25% do poder (aprendendeu?).
DORIVALDO MANUEL “DORIVAL”
Autor da obra – PODER NACIONAL: Contributo do Factor científico-tecnológico para o desenvolvimento sócio-económico e industrial de Angola.
Cientista Político pela UAN-FCS