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Empresários portugueses “satisfeitos com ambiente em Angola” e sem preocupações com eleições gerais

Os Empresários portugueses presentes na Feira Internacional de Luanda (FILDA) manifestaram-se hoje otimistas quanto ao futuro de Angola, destacando o impulso económico, e acreditam que o período eleitoral terá um impacto neutro ou reduzido para as suas atividades.

Na Feira Internacional de Luanda (FILDA), que hoje começou e se prolonga até quarta-feira, há mais de vinte empresas portuguesas entre os 200 expositores internacionais, atuando nas mais diversas áreas de atividade, algumas implantadas há largos anos em Angola, outras começando agora a olhar para este mercado africano.

O grupo IBG, ligado à área da construção, mas também com componente industrial, presente em Angola e vários outros países africanos e europeus, encara o futuro com bons olhos.

O presidente executivo, Miguel Gama, diz que a retoma económica poderá ser mais ou menos rápida em função dos preços do petróleo, mas será inevitável, e aponta o reinicio de alguns empreendimentos imobiliários, de habitação e escritórios que estavam parados, como um indicador positico, que reflete a melhoria no ambiente de negócio, tal como a Filda.

“Há investidores de vários países a visitar Angola e a feira também é uma imagem disso. Vê-se muita gente, acho que se vive um ambiente diferente do dos últimos anos, as pessoas estão mais animadas”, disse, em declarações à Lusa.

Situação que, considera, não deve ser afetada durante as eleições.

“Em termos políticos, não vejo dificuldades, estamos a falar de um povo que é pacífico, que acredita no que está a ser feito. Em termos de trabalho, não estou preocupado com isso”, diz o empresário, apesar de reconhecer que, no mês de agosto, “abranda sempre alguma coisa”.

Miguel Afonso dos Santos, diretor-geral do hotel Epic Sana, do grupo hoteleiro português Sana, que está presente em Angola há dez anos, falou sobre “uma pérola” que está por descobrir em termos do turismo de lazer, estando a oferta de alojamento, sobretudo em Luanda, orientada para o turismo de negócios.

“Vivemos essencialmente de turismo corporativo, obviamente não estamos indiferentes a tudo o que se passa no mundo e estando a economia mais forte ou menos forte vamos também beneficiando disso ou não”, indicou, destacando que interessa agora “estimular o turismo de lazer, vender as paisagens, vender a gastronomia, vender o país fantástico que é Angola”.

Se em julho e agosto o período de férias e consequente diminuição da atividade corporativa traz alguma quebra ao negócio hoteleiro, o aproximar de eleições pode trazer também oportunidades para o Epic Sana: “Vamos procurar algum negócio com observadores eleitorais e continuar a aproveitar a vinda de algum movimento corporate”, diz, embora preveja “uma fase mais calma” nos próximos meses.

“Apesar da instabilidade a nível mundial, os ventos parecem soprar de forma favorável para Angola”, acrescentou Miguel Afonso dos Santos, evocando fatores macroeconómicos como preço do petróleo e a expansão do potencial agroindustrial como vantajosos.

Ricardo Santos Júlio, diretor comercial da Quinta de Jugais, fabricante de produtos à base de carne, presente em Angola desde 2007, apontou também uma conjuntura positiva para a empresa que investiu 20 milhões de dólares no ano passado numa unidade industrial que emprega 200 pessoas para começar a produzir no país lusófono.

“É uma fábrica três vezes maior do que a que temos em Portugal. Nós acreditamos de facto no país e no potencial deste mercado”, sublinhou.

O responsável realçou que os produtos que estão a ser feitos em Angola “têm muita qualidade”, adiantando que a empresa incluiu na sua oferta tradicional uma linha diretamente de Oliveira do Hospital “feita com a mesma receita e com um sabor indistinguível”.

Avançou também que a empresa continua em crescimento e já pensa montar duas novas linhas de produção ainda este ano e ampliar a área de fumeiro, já que são a única empresa com fumeiro tradicional em Angola.

“A nossa dificuldade agora é ter espaço para produzir mais. É um ‘puzzle’ que estamos constantemente a montar”, afirmou.

No período eleitoral admite alguma retração “de investimento e permanência no território”, mas espera que tudo corra “sem sobressaltos”.

“Sabemos que não vai haver um crescimento elevado, mas gostávamos que fosse estável face aos meses homólogos”, disse Ricardo Santos Júlio.

Para o embaixador português em Luanda, Francisco Alegre Duarte, existe um “otimismo bastante razoável” entre o meio empresarial.

“Este é o primeiro ano de crescimento económico depois de cinco anos de recessão, estamos a assistir a sinais positivos”, destacou, lembrando que o setor não petrolífero tem estado a puxar pela economia angolana, apesar do contexto internacional “difícil”.

“Angola é um dos poucos países que está a resistir e a dar sinais de crescimento económico. E nós estamos cá para ajudar e acompanhar esse crescimento”, assegurou, acrescentando que a concorrência de outros países “não assusta” e é até salutar.

Quanto às empresas portuguesas, beneficiam de vantagens como a língua, a capacidade instalada, o conhecimento profundo do mercado e o entrosamento social, o que se reflete nas próprias parcerias empresariais.

“Estamos muito seguros e confiantes”, sublinhou, escusando-se a comentar o impacto das eleições nos negócios dos portugueses.

 

 

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