Deputados de partidos da oposição angolana exortaram o Presidente João Lourenço a reconhecer as dificuldades e a “miséria” que o país atravessa e a apresentar planos concretos para combater esses males quando discursar sobre o estado da nação na sexta-feira, 15. Presidente angolano vai ao Parlamento na sexta-feira apresentar o discurso sobre o estado da nação.
Na bancada da UNITA, a deputada Arlete Chimbinda espera que “o Presidente da República mande para o povo uma mensagem que transmita paz e serenidade, ao invés deste ambiente que se vive de perseguição e combate aos adversários políticos até à exaustão”.
“Há muita fome, muito desemprego, muito desespero e seria bom que o Presidente viesse com propostas claras e objectivas que dessem alguma esperança a este povo que tanto sofre”, acrescentou.
Makuta Nkondo, deputado pela CASA-CE, diz estar céptico em relação ao que o Presidente possa dizer porque nunca viu o povo com tanta dificuldade como agora.
“É uma confusão total, o povo já não sabe onde ir. Espero que ele fale de tudo se bem que eu não acredito nele”, disse Nkondo.
“Na próxima sexta-feira, como deputado, se eu tiver oportunidade direi a João Lourenço que o país está mal, nós estamos à procura de um salvador para esta Angola”, acrescentou.
Já Rui Malopa, secretário-geral do PRS, afirmou que o Presidente tem muitas vezes feito declarações contraditórias sobre a actual situação no país.
“O Presidente às vezes diz que não há fome em Angola, quando a prática mostra-nos um colapso total no país”, disse, pedindo que ele “reconheça que a sua gestão não melhorou a vida dos angolanos e no ano que falta (para o fim do seu mandato) ele que diga o que vai fazer para inverter o quadro”.
Da bancada do MPLA, a leitura é diferente.
João Pinto, um dos vice-presidentes, disse que a um do fim do seu mandato “o Presidente esteve muito bem” e responsabilizou a crise com factores como a pandemia da Covid-19.
“O Presidente da República esteve muito bem durante o mandato a faltar um ano, é claro que a vida social tem debilidades, (mas)temos de acreditar e manter a esperança”, afirmou.
“O que correu no país deve exigir compreensão e colaboração de todos porque não estamos piores que em alguns momentos da nossa história e o que deve haver é adaptação das actuais circunstâncias e controlarmos um pouco as nossas vaidades pessoais”, concluiu o deputado do partido no poder.
Este vai ser o último discurso de João Lourenço sobre o estado da nação no Parlamento neste mandato.
As eleições gerais estão previstas para Agosto de 2022.