O Mês de Julho em Angola poderá ser “quente” pois estão previstas várias manifestações em diversos pontos do país contra o aumento do custo de vida.
Em Cabinda, uma manifestação está a ser preparada pela Associação, para o Desenvolvimento da Cultura e Direitos Humanos de Cabinda (ADCDH) contra a subida desenfreada dos preços dos principais produtos de primeira necessidade.
A programada manifestação não tem ainda data marcada mas será provavelmente nas duas últimas semanas de Julho.
Alexandre Kuanga, coordenador da ADCDH diz que “nós vamos fincar o pé e mostrar a nossa insatisfação contra esta governação que está a levar a morte, ao suicídio, à fuga para o exterior, vamos mostrar que Cabinda sofre muito mais com a subida dos preços da cesta básica, com a subida dos preços dos combustíveis, a desvalorização da moeda”.
Por causa da sua característica de descontinuidade geográfica, o impacto da subida galopante dos preços dos alimentos é maior em Cabinda, assegura o advogado Arão Tempo.
“Muita fome aqui em Cabinda, com esta situação, as pessoas ja não sabem o que fazer, ja não possuem quase nenhum poder de compra, eu não sei se estamos a ser mesmo governados ou não”, diz Tempo, para quem “a população aqui não sente que há Governo”, que “prende e tortura” aqueles que protestam.
“Cabinda poderá surpreender Angola”, avisa aquele advogado e activista.
Noutra província rica em petróleo, Zaire, concretamente no município do Soyo, também há insatisfação pela subida dos preços a que alguns activistas chamam de duplicação de preços, sobretudo da cesta básica.
O porta-voz dos activistas, Raul Paul, o diz que a população do Soyo regressa dia 15 às ruas para protestar.
“Os preços da cesta básica aqui no Soyo dobraram, estamos a sair do mal a pior, o dinheiro perdeu valor, tudo subiu, há gritos de socorro em toda parte do Soyo, estamos a trabalhar para sair à rua neste sentido, as razões serão mesmo a subida, a duplicação dos preços dos produtos da cesta básica, o desemprego”, sustenta Paul.
Em Julho é também provável uma manifesação no Cafunfo, na província da Lunda Norte, onde estava agendada para sexta-feira uma manifestação de antigos trabalhadores da Endiama que alegam não ter recebdo pensões e indemnizações, o que é negado pela companhia.
Uma conversa com o Governo da província que pediu uma moratória, para interceder junto da ENDIAMA para resolver o problema fez com que os mais de quatro mil extrabalhadores no Cuango, remarcou a manifestação para o próximo 15 de Julho.
Os antigos funcionários consideram que a recente subida dos preços dos principais alimentos da cesta básica precipitou a ideia de sair às ruas perante as minas de diamantes no Cuango, pertencentes a ENDIAMA.
O especialista em Finanças Públicas Eduardo Nkossi considera que a constante desvalorização da moeda e o aumento dos preços “desestabiliza as famílias”.
“A maioria que já é vulnerável, isto cria descontentamento”, conclui.