A anulação da eleição do presidente da UNITA no congresso de 2019 decidida pelo Tribunal Constitucional (TC) vai aumentar a popularidade de Adalberto Costa Júnior e provocar um clima de solidariedade nacional para com o líder do principal partido da oposição, segundo analistas ouvidos pela VOA. Adalberto Costa Júnior pode concorrer à presidência num congresso extraordinário da UNITA e ver seu papel reforçado.
Em função da decisão judicial, ainda segundo observadores políticos em Luanda, o partido do “galo negro” será obrigado a realizar “às pressas”, um congresso para eleger o presidente e cabeça-de-lista para as eleições de 2022.
Eles admitem, no entanto, que se Adalberto Costa Júnior concorrer será, mais uma vez, o vencedor.
Para o advogado Vicente Pongolola, a decisão de afastar Costa Júnior da UNITA será mais prejudicial para o TC e para o partido no poder, o MPLA, a quem acusa de estar por detrás da medida, visando fins políticos.
“Se a ideia era fragilizar, acho que o tiro saiu pela culatra”, sustenta Pongolola, para quem a UNITA “sairá mais reforçada do que antes da decisão do TC”.
Por seu lado, no entender do director executivo do Instituto Angolano de Sistemas Eleitorais e Democracia (IASED), Luís Jimbo, a decisão do TC visou favorecer um dos concorrentes ao pleito de 2022 em detrimento do outro, numa referência ao MPLA e à UNITA.
O também coordenador do Observatório Eleitoral Angolano (OBEA) considera igualmente que a medida foi mais política do que jurídica e adverte para eventuais convulsões sociais, no período pré e pós-eleitoral, se decisões do género persistirem.
“Que podem até motivar, ainda mais, a solidariedade interna da própria UNITA, em ambiente eleitoral, podendo também levar actores que não são do partido, mas que se sentem solidários com a oposição”, aponta aquele analista.
O jornalista Ilídio Manuel também entende que a anulação da eleição de Adalberto Costa Júnior deve-se a “alguma interferência do MPLA” e considera que, num eventual congresso da UNITA, aquele político “ sairia com os seus poderes reforçados”.
Silêncio do TC
O TC não divulgou ainda o acórdão que, segundo a TV Zimbo, anulou a eleição do presidente da Unita no congresso de Novembro de 2019 e nem notificou o partido e Adalberto Costa Júnior.
Numa breve nota divulgada nesta quarta-feira, 6, o Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA classifica de “mais uma peça teatral tosca, de actores inábeis do regime” a divulgação pela TV Zimbo da decisão do TC.
A ser facto, acrescentou, “é curioso que a primeira a ter conhecimento tenha sido a TV Zimbo, antes da UNITA e do seu presidente, enquanto parte interessada no referido processo”.