A empresa angolana Sonangol abre um concurso de alienação parcial da sua participação em determinadas concessões petrolíferas dentro de 17 dias, em conformidade com a sua estratégia de gestão. Eles dizem que processo pode representar apenas a transferência de património público para privados a preço de banana ou para multinacionais.
A abertura oficial das privatizações acontece a 11 de Junho e só nessa ocasião serão divulgados os procedimentos do concurso, os blocos e respectivos interesses participativos a serem alienados.
Analistas ouvidos pela VOA mostram-se cépticos quanto a este processo da maior empresa estatal do país.
O economista Faustino Mumbica diz ser a favor da privatização da petrolífera angolana só não concorda com os moldes em que se quer fazer esta alienação.
“Quando nós avaliamos os investimentos feitos pela Sonangol na criação destes activos, comparativamente aos resultados da alienação que se quer, é praticamente como se estivéssemos a vender estes activos valorosos a preço de banana, estamos a assistir aqui a uma transferência de património obtido à custa do erário público para particulares, ou seja, contrariamente ao que se propala, nota-se aqui um enriquecimento de algumas pessoas de forma ilícita”, diz Mumbica.
Outro economista, Carlos Padre, entende que esta privatização vai praticamente para grupos estrangeiros já que, no seu entender, não há no país empresários com capacidade para este negócio.
“Os nossos endinheirados são os chamados marimbondos e estes por estarem a contas com a justiça não terão a meu ver capacidade para entrar neste negócio”, alerta Padre, para quem preocupa que só multinacionais possam entrar no negócio.
Por seu lado, o consultor económico Galvão Branco é de opinião que deve haver muita ponderação na hora de definir o que pode ser ou não alienado dentro da Sonangol.
“É necessário analisar caso a caso, o que vai ser alienado, os blocos, as estruturas industriais, tem que se ver o tipo de impacto que isso pode criar a nível da estabilidade financeira da empresa, identificar bem aquilo que merece ou não ser privatizado”, adverte aquele consultor.
Em comunicado emitido na semana passada, a Sonangol anunciou esperar ter o processo concluído até o final do ano.