A implicação em actos de corrupção de altas patentes ligadas à mais alta esfera militar da Presidência da República resulta do desgaste e do estado de podridão do regime angolano.
A opinião é de analistas ouvidos pela VOA, nesta terça-feira, 25, um dia depois de João Lourenço ter afastado dos seus cargos seis oficiais generais ligados à Casa de Segurança da Presidência da República e da Procuradoria-Geral da República (PGR) ter anunciado a abertura de um processo-crime contra os mesmos.
Para o general na reserva Manuel Mendes de Carvalho “Paka”, a exoneração daqueles oficiais generais não surpreende uma vez que o Presidente João Lourenço herdou o mesmo quadro de pessoal militar do consulado de José Eduardo dos Santos.
O general Paka diz, entretanto, que os oficiais ora afastados “constituem a raia miúda” porque, em sua opinião, os generais que mais delapidam o erário público “João Lourenço tem dificuldade em levá-los à justiça”.
“Isto não passa de um bluff e de um acto de diversionismo ideológico”, defende o general Paka.
Por seu lado, no entender do académico João Lukombo Nzatuzola, as exonerações “revelam que o regime está corroído ao mais alto nível”.
A limpeza de João Lourenço surge dias depois do major Paulo Lussaty, oficial da FAA em serviço na Presidência e chefe das Finanças da banda musical, ter sido detido no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro quando tentava viajar para o estrangeiro com 10 milhões de dólares e milhares de euros.
Na nota em que anuncia a exoneração de cinco tenentes-generais e um brigadeiro-general da Casa de Segurança, a Casa Civil da Presidência da República informou que tal medida foi tomada “depois de ouvido o Conselho de Segurança Nacional”, mas não apresenta as razões do seu afastamento.