A consultora Fich Solutions estima que o saldo orçamental de Angola este ano passe de défice a excedente, principalmente devido às receitas do petróleo, e vê a dívida pública abaixo do 100% do PIB em 2022.
“Prevemos agora que o saldo orçamental de Angola mude de um estimado défice de 1,4% do PIB em 2020 para um excedente de 0,7% em 2021, à custa de um aumento das receitas petrolíferas”, lê-se na análise à evolução das contas públicas de Angola.
No documento, enviado aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os analistas desta consultora detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings lembram que “esta é uma revisão em alta face à previsão anterior de um défice de 0,4% em 2021, e reflete a visão de que as receitas fiscais mais altas vão compensar uma eventual subida da despesa pública”.
Neste novo cenário, a Fitch Solutions vê o excedente a alargar-se para 1,4% do PIB no próximo ano, impulsionado pelas receitas do petróleo, e antecipa também uma melhoria na dívida pública, que deverá descer de 122% do PIB em 2020 para 106,8% este ano e 97,8% em 2022.
“O peso da dívida de Angola vai cair gradualmente com a recuperação económica e a consolidação orçamental, que ajudam a limitar as necessidades de financiamento”, apontam os analistas, concluindo, no entanto, que “o rácio da dívida face ao PIB continuará bem acima de média de 57,4% registada entre 2010 e 2019”, não só devido à desvalorização do kwanza, mas também devido ao contínuo endividamento do país.