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EUA: “Aumento de capital do FMI” com efeito limitado em Angola

O diretor para África da agência de ‘rating’ Fitch disse hoje que o impacto da nova alocação de Direitos Especiais de Saque (DES) do Fundo Monetário Internacional (FMI) será muito limitado em Angola devido ao peso da dívida

“É certamente uma coisa que ajuda, mas Angola está num nível de rating CCC e isso indica uma situação económica e orçamental bastante difícil, em que estamos preocupados principalmente com o grande nível de dívida, que no final deste ano deverá chegar aos 126,4% do PIB, e mesmo que desça tendo em conta a evolução do preço do petróleo, a dívida continua num nível extremamente elevado”, disse Jan Friederich.

Em entrevista à Lusa por videoconferência a partir de Hong Kong, o diretor da Fitch Ratings para o Médio Oriente e África vincou que “uma alocação de 1% do PIB não é assim tão significativa, mas certamente ajuda a lidar com as pressões de financiamento imediato, mas a longo prazo não é uma panaceia”, acrescentou.

A Fitch Ratings publicou um relatório onde aponta que, numa lista dos 20 países mais beneficiados pela nova alocação de Direitos Especiais de Saque (DES), e onde figuram Angola e Moçambique, o país mais beneficiado em função do PIB é a Zâmbia, mas ainda assim influenciando o modelo de atribuição de ratings em apenas 0,1 pontos, sendo que é preciso um ponto inteiro para influenciar o rating.

“Não antevemos um impacto significativo nos ‘ratings’ devido à alocação”, lê-se no relatório enviado aos investidores e a que a Lusa teve acesso, e no qual se aponta que Angola deverá receber 777,7 milhões de dólares (655 milhões de euros) tendo em conta a quota de 0,16% que tem no Fundo Monetário Internacional (FMI).

O FMI deverá aprovar nos Encontros da Primavera, em abril, uma nova alocação de 500 mil milhões de dólares (420 mil milhões de euros) que permitirá aos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa receber quase 1.300 milhões de dólares (1.095 milhões de euros) em função da sua quota, podendo ser aumentado se os países mais desenvolvidos aceitarem a proposta de emprestarem parte da verba que vão receber aos países com mais necessidades orçamentais.

Questionado sobre a evolução económica de Angola, Jan Friederich disse que é possível ver uma melhoria no crescimento económico face às previsões, mas alertou que o cenário do FMI para a recuperação é demasiado otimista.

“Em Angola podemos esperar que a economia cresça muito de repente, e curiosamente o FMI está bastante otimista sobre o ritmo substancial de redução da dívida nos próximos anos, para abaixo de 70%, mas é muito cedo para ver como é que isso pode ser um cenário credível, e em qualquer dos casos, olhando para o nível de dívida e para a alocação de DES, o nível é muito grande”, acrescentou o analista.

A Fitch Ratings prevê um crescimento de 1% em Angola este ano e uma aceleração para 3% em 2022, que pode ser melhorada face à evolução do preço do petróleo, que está quase ao dobro do que foi previsto no Orçamento do país.

“Podia ver as previsões a serem melhoradas ligeiramente por causa da recuperação do preço do petróelo, que melhora a liquidez, e a situação de liquidez foi um grande constrangimento ao crescimento nos últimos anos”, concluiu o analista.

 

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