Décadas depois, familiares das vítimas de conflitos políticos recebem certidões de óbito dos seus parentes, incluindo de pessoas que foram mortas nos acontecimentos em torno do 27 de maio de 1977.
O momento é de muita emoção por parte dos parentes que nunca chegaram a realizar o velório dos seus entes queridos, desaparecidos durante os acontecimentos trágicos do 27 de maio e da guerra civil em Angola.
Dezenas de pessoas têm acorrido ao Pavilhão Multiusos do Kilamba, em Luanda, onde estão a ser emitidas as certidões de óbito. O processo começou na segunda-feira (31.05) e é encabeçado pela Comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP).
“Perdi os meus tios. A minha avó teve 16 filhos e morreram 14 irmãos do meu falecido pai. Morreram durante os conflitos armados e no 27 de maio”, conta Edna Domingos.
Edna, sobrinha do político Nito Alves, a figura central do caso 27 de maio, diz que a família recebeu com agrado, na semana passada, o pedido de desculpas públicas do Presidente João Lourenço pelo ocorrido em 1977.
“Já era tempo de um pedido de desculpas, porque morreu muita gente inocente. A minha mãe lembra-se de quando foram buscar pessoas inocentes na Sagrada Família e as puseram naqueles camiões… Eu tinha dois anos. A minha família foi posta viva dentro de um buraco na Santana”, recorda.