A Sodiam, a empresa que comercializa os diamantes angolanos, anunciou uma queda dos lucros em 2020, quando o resultado líquido caiu para 22 773 879 dólares, diante dos 27 134 038 dólares do ano anterior.
Em kwanzas, os lucros ascenderam para 13 168 milhões, face aos 9 918 milhões de 2019, o que é atribuído aos efeitos da desvalorização da taxa de câmbio.
Os números, insertos no relatório e contas de 2020, publicado ontem, indicam que o capital próprio da companhia registou um acentuado crescimento, para 94 259 milhões de kwanzas (145,1 milhões de dólares), contra 59 014 milhões (122,3 milhões de dólares) em 2019.
Apontam, também, o crescimento do activo para 245 927 milhões de kwanzas (378,5 milhões de dólares), face aos 163 621 milhões (339,3 milhões de dólares) de 2019.
O auditor externo, a Deloitte, emitiu reservas sobre o relatório, evocando o montante 79 495 500 dólares do investimento financeiro e suprimentos concedidos à Victoria Holding Limited, na qual a empresa detinha uma participação de 50 por cento, bem como contas a receber dessa entidade no valor de 84 108 920 dólares, acrescidos de juros de 10 105 509 dólares em 2020.
No parecer, o Conselho Fiscal da Sodiam subscreve “as reservas manifestadas no relatório do auditor externo, mas refere que os factos são referentes a operações realizadas em exercícios anteriores a 2020, estando, a sua eliminação no centro dos esforços do Conselho de Administração”.
As três situações de base de opinião com reservas que se mantém nas demonstrações financeiras de 2020, já tinham sido identificadas nas demonstrações de 2017 “por actos que antecederam o mandato do actual Conselho de Administração”, lê-se no parecer do Conselho Fiscal.
Recorde-se que, em Dezembro de 2017, o Conselho Administração da Sodiam anunciou a saída, “por razões de interesse público e de legalidade”, da sociedade de direito maltês Victoria Holding Limited, por via da qual detinha uma participação minoritária no grupo joalheiro De Grisogono.
A companhia declarou, naquela altura, que a participação na Victoria Holding Limited e, indirectamente, no grupo De Grisogono, gerava, desde que foi instituída, em 2011, “exclusivamente custos para a Sodiam”.
A Sodiam afirmou, na altura da rescisão, que “é e sempre foi totalmente alheia” ao modelo de gestão do consórcio com a Victoria Holding, para o que teve que contrair financiamentos bancários e apresentou sistemáticos resultados negativos.