Na província angolana do Zaire, as obras do Hospital Geral do Zaire, que começou a ser construído em 2014, até hoje não foram concluídas. Expectativa da população cresceu, assim como frustração.
As obras do Hospital Geral do Zaire, província nortenha de Angola, foram paralisadas em 2016 sem qualquer explicação das autoridades. O projeto, orçado em cerca de quatro mil milhões de kwanzas (o equivalente a cerca de cinco milhões de euros), corresponde a um edifício de três pisos, com capacidade para 400 camas.
O novo centro hospitalar deveria atender principalmente a população do Zaire, mas também das províncias vizinhas do Uíge e Cabinda.
Na época, a paralisação das obras surpreendeu os residentes da capital provincial do Zaire, Mbanza Kongo, que há pelo menos cinco anos aguardam a retoma do projeto.
“Há um monstro adormecido, o hospital provincial com 400 camas. Poderia até atender outras províncias limítrofes. Mas, até hoje em dia, anda esquecido”, diz à DW África um utente da capital.
“Uma tristeza. Tudo o que vem para o Zaire, só se lançam as pedras. Mais de dez pedras foram lançadas aqui no Zaire, para centralidades, para o hospital geral”, lamenta outro munícipe.
“[Se houvesse um] hospital geral pronto para servir os munícipes, acho que teria uma baixa taxa de mortalidade, porque as pessoas morrem pela demora no atendimento”, afirma outro cidadão.
“Nós queremos que esse hospital esteja em forma, em funcionamento para que ajude o povo que vive aqui. Preciso que [as obras] desse hospital acabem”, apela outro morador de Mbanza Kongo.
Manuel José também é residente de Mbanza Kongo e manifesta o seu descontentamento quanto à paralisação da obra do hospital regional e a situação atual do único hospital de referência na província do Zaire.
“Estou muito indignado com isso. Primeiramente, quando alguém vai no hospital provincial, encontra três ou quatro crianças na mesma cama. Vamos combater a Covid-19 de que maneira?”, questiona.
“Quando o Presidente da República veio aqui, todos nós ficamos com muita expectativa, mas a população não foi beneficiada”, reclama.
Apelos e promessas
A falta de fármacos no hospital de referência da província é um outro assunto que também frustrou o nosso interlocutor que se viu obrigado a gastar os seus últimos Kwanzas para ajudar um paciente.
“Recentemente, fui ao hospital provincial e um dos pacientes pediu-me que o ajudasse com medicamentos, porque recebeu a receita e tinha criança, mas não sabia aonde se dirigir”, relata Manuel José.
Diante desta situação, os cidadãos do Zaire lançam um apelo às autoridades no sentido de se concluírem as obras o mais rápido possível.
“Tem vezes que perco as palavras para descrever a paralisação desse hospital. Não sou de apelar facilmente, venham e acabam porque já não aguentamos. Ou somos Património [Mundial da Humanidade] ou não somos nada. Venham e acabem isso de uma vez”, disse outro utente.
Durante a inauguração do hospital de campanha do município do Nzeto, na terça-feira (01.06), o governador provincial Pedro Makita garantiu que já há um financiamento e, dentro em breve, as obras poderão ser retomadas.
“Já há um financiamento para o hospital e estamos a crer, temos fé, que o hospital vai arrancar. Portanto, as obras do hospital vão reatar. O hospital está num avançado estado de construção e já tem alguns equipamentos. Estamos a crer que com o investimento que a ministra anunciou, vai para a conclusão das obras”, afirmou.