O presidente da UNITA, principal partido da oposição em Angola, alertou para um aumento do que chama de campanha de desestabilização da oposição, tendo em vista as eleições do próximo ano e disse que a corrupção levou cerca de 600 mil milhões de dólares norte-americanos das reservas internacionais. Impacto da corrupção nas reservas financeiras e penúria alimentar dominaram discurso em Benguela de Adalberto Costa Júnior.
Por ocasião das festas do 3 de Agosto, dia do fundador do partido, Jonas Savimbi, Costa Júnior lamentou que as instituições públicas, perante o olhar do corpo diplomático acreditado em Angola, estejam a ser usadas para o que considera ser perseguição política.
“Então você quer abraçar a proximidade de eleições com os órgãos públicos (imprensa) a cortar a imagem dos outros partidos que podem ser poder? É normal? E os programas estão a aumentar, a propaganda está a aumentar. Não posso aceitar que por causa das eleições o MPLA e a UNITA sejam vistos como inimigos, não podemos repetir os erros de 1975 e 1992”, afirmou.
Apoiado em dados que disse ser da academia, Costa Júnior refere que a corrupção levou cerca de 600 mil milhões de dólares norte-americanos das reservas internacionais, valor conseguido em mais de 10 anos de paz na era da alta do petróleo.
“Nós tivemos a condição de acumular uma quantidade de reservas financeiras estratégicas difíceis de se ter, mesmo em países com desenvolvimento. Nós desperdiçámos todas as reservas, dizem os académicos. Em 10 anos de paz, com o preço do petróleo a disparar, fizemos uma fortuna e foi tudo perdido”, criticou Costa Júnior.
Uma das consequências, sustentou, é a fome que assola os angolanos.
“A fome não está só no Cunene, Namibe ou Kuando Kubango, está cá em Benguela, está em Luanda. Há dias, um dirigente do Zaire disse que as comunidades procuram ratos para comer, e eu não quis acreditar, assim como no Huambo as crianças vão ao lixo”, salientou, acrescentando que “não é falta de dinheiro, é mesmo incompetência”.
Nesta segunda-feira, 9 de Agosto, Adalberto Costa Júnior conversou com jovens e organizações da sociedade civil.