A consultora Capital Economics considera que os problemas na produção de petróleo em Angola e Nigéria, os dois maiores produtores da África subsaariana, vão impedir que estes países beneficiem da subida do preço do petróleo.
“Os problemas na produção na Nigéria e Angola vão provavelmente impedir que os maiores produtores na África subsaariana beneficiem da recente recuperação nos preços, mas noutros locais, os preços elevados vão aumentar a conta das importações e aumentar as pressões sobre a inflação”, escreveu a analista Virag Forizs.
Numa nota enviada aos clientes, e a que a Lusa teve acesso, a responsável pela análise das economias africanas descreveu que “o preço do Brent a chegar aos 85 dólares por barris é certamente uma boa notícia para os principais produtores de petróleo na região” e apontou que “a recente recuperação no preço tem sido parcialmente atribuída a uma produção menor da Nigéria e de Angola, já que ambos os países têm-se debatido com problemas de produção”.
A analista admite que estes dois países “deverão ver a produção aumentar durante o próximo ano, mas esse impulso será anulado pela queda nos preços do petróleo, por isso, de uma maneira ou de outra, os problemas no setor vão atrasar a recuperação nos principais produtores africanos”.
Por outro lado, o resto da região “vai enfrentar despesas de importação e custos energéticos maiores, o que aumenta as pressões sobre a inflação”, diz a analista, exemplificando com a subida dos preços na África do Sul, país onde a componente dos transportes foi a que mais contribuiu para a inflação na economia mais industrializada da região.
O preço do barril de petróleo Brent para entrega em dezembro ultrapassou hoje a barreira dos 86 dólares, depois de subir 0,72% face ao fecho da sexta-feira.
O nível atual de petróleo é o mais alto desde outubro de 2018, quando atingiu 86,43 dólares, mas os especialistas não excluem que possa atingir 90 dólares por barril antes do final do ano.
O ouro negro tem vindo a subir há vários dias devido à possibilidade de a procura aumentar a um ritmo mais rápido do que o nível da oferta nos próximos meses.
As economias em todo o mundo estão a aumentar o consumo de energia na sequência da queda da procura devido à pandemia.
Na semana passada, o Brent fechou 0,80% mais alto do que o preço de fecho da sexta-feira anterior (84,89 dólares por barril).