O apelo é do secretário-geral do Sindicato de Jornalistas Angolanos (SJA), Teixeira Cândido, em declarações a OPAÍS, sustentando que, no exercício das suas funções, o jornalista não deve ter preferência
Para o sindicalista, o profissional tem de atender todos e dar espaço e abertura para que falem, permitindo que a sociedade conheça a opinião de toda a gente, independentemente da cor partidária que representa.
Defende maior isenção e imparcialidade dos jornalistas, sobretudo no actual contexto pré-eleitoral, tendo em conta as eleições legislativas previstas para o próximo ano, como prevê a Constituição da República de Angola (CRA). Em relação à posição dos órgãos de comunicação social, Teixeira Cândido criticou o facto de haver dois blocos, o do Governo e um outro que não fez menção.
Apelou para que a classe se una, à semelhança das democracias mais antigas e mais desenvolvidas do mundo, tais como Portugal ou Inglaterra, deixando os “muros” que os separa, criado por aparentes mãos invisíveis, por questões inconfessas.
“O que diz a SIC não há diferença com o que a RTP diz. Tratam os actores políticos sob os mesmos termos. E é isso que gostaríamos de ter”, frisou.
Recordou que os jornalistas não são actores políticos e não disputam poderes, pelo que devem ser intermediários ou palco a partir do qual os actores políticos e outros tencionam actuar.
“Seria bom se pudéssemos perceber que a nossa lealdade é com o povo e com o público, não com os detentores dos órgãos de comunicação social, tão pouco com outro interesse que não seja o público”, frisou.
Deontologia
Para o sindicalista, a deontologia é o único caminho para a credibilização da actividade jornalística.
Caso o público não confie na credibilidade dos jornalistas, é melhor que estes deixem de o ser. “Se não quisermos que o público não nos descredibilize, temos de produzir informação com qualidade”, esclareceu.
ERCA sem poder
Em relação à fiscalização, declarou que a Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERCA) não tem grandes poderes, e a Comissão da Carteira e Ética, que seria responsável pela autorregulação e ter um papel actuante, está a começar agora, tendo emitido até ao momento carteiras de quase mil jornalistas.
Teixeira Cândido fez igualmente menção que, a partir do momento que for concluído o processo de entrega aos cerca de 4 mil jornalistas que se espera abranger, terá de haver um período de sensibilização no âmbito da deontologia e da ética para que se alcance a imparcialidade e a isenção durante o período eleitoral.