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Europa: Cimeira com África cada vez “menos provável no primeiro semestre” – Presidência da União Europeia

É cada vez menos provável a realização da cimeira entre a União Europeia e África durante a presidência portuguesa devido à Covid-19 e ao “momento difícil” da África do Sul e Etiópia.

O eurodeputado socialista Carlos Zorrinho disse esta sexta-feira que “é cada vez menor” a probabilidade de a cimeira UE-África decorrer durante a presidência portuguesa, sustentando que o reforço da cooperação com o continente não se esgota na cimeira.

Os parceiros africanos e europeus gostariam que a cimeira fosse presencial e se houver condições – a probabilidade é cada vez menor – de a cimeira se fazer presencialmente neste semestre, será feita neste semestre”, afirmou Zorrinho.

O eurodeputado adiantou, por outro lado, que se não se realizar será por causa da pandemia de Covid-19 combinada com o “momento difícil” que a União Africana está a viver com questões internas na África do Sul e Etiópia. “A aposta da Presidência Portuguesa no reforço da relação de cooperação com África não se esgota na realização da cimeira”, cuja marcação é da competência do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse.

Carlos Zorrinho, que falava durante uma conferência virtual sobre a nova parceria estratégica UE-África, de cujo relatório é coautor, respondia assim ao eurodeputado social-democrata Paulo Rangel, que considerou “fundamental” a realização do encontro entre as lideranças dos dois blocos.

Acho que é fundamental esse diálogo direto nesta fase em que temos documentos estratégicos“, disse Paulo Rangel, levantando a hipótese de, depois de ter estado prevista para as presidências alemã e portuguesa da União Europeia (UE), o encontro poder acabar por se realizar apenas na presidência francesa, devido a uma eventual falta de interesse da presidência da Eslovénia, no segundo semestre de 2021.

Não basta ter documentos no papel, é preciso comprometer as lideranças europeias e africanas”, frisou.

Sobre a nova parceria estratégica UE-África, cujo relatório com as propostas dos eurodeputados foi aprovado na quinta-feira, pelo Parlamento Europeu, Paulo Rangel considerou que o investimento europeu terá de “ser a grande alavanca” para a criação de empregos e economia em África. O eurodeputado entende, no entanto, que o documento não “considerou devidamente” a questão da corrupção no continente africano.

“Temos muito belas palavras sobre a transição digital, a transição climática, os valores do Estado de direito e da democracia, da mobilidade e migrações, mas há o problema da corrupção que é um entrave grande ao desenvolvimento“, vincou, defendendo que a UE devia adotar um mecanismo de “condicionalidade” da sua ajuda às questões da corrupção.

A eurodeputada do Bloco de Esquerda, Marisa Matias, que votou contra a estratégia, considerou que, apesar de o documento aprovado ser uma versão melhorada da proposta apresentada pela Comissão Europeia, contém “laivos inaceitáveis”.

Não acredito numa estratégia de cooperação em que uma parte queira ser líder no território da outra parte. Acredito em partes iguais. Acho que já não estamos em tempos de sequer achar que é normal que se aprovem textos em que se afirma que uma estratégia UE-África depende da capacidade da União Europeia ter um papel de liderança no continente africano”, referiu.

Reconhecendo que existem “muitas dimensões e capítulos positivos” no documento, Marisa Matias apontou também como “problemática” a forma como “estão desenhadas as questões da cooperação militar” e manifestou dúvidas sobre a utilização que será feita da tecnologia 5G, nomeadamente nas fronteiras e na gestão das migrações. O Parlamento Europeu (PE) aprovou na quinta-feira um relatório de sua iniciativa com propostas para a nova parceria estratégica UE-África.

Aprovada com 460 votos a favor, 64 votos contra e 163 abstenções, a estratégia pede à UE que desenvolva uma parceria com África que “vá além da relação doador-beneficiário” e que permita “cooperar em termos de igualdade” para alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas, reduzir os impactos das mudanças climáticas e promover a igualdade de género.

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