O Presidente turco afirmou que eventuais sanções da União Europeia não eram preocupantes, após ter sido acusado pela Grécia de retirar a embarcação no Mediterrâneo Oriental, para as evitar.
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, desvalorizou esta quarta-feira as eventuais sanções que a União Europeia (UE) poderá impor à Turquia por causa da exploração de gás no Mediterrâneo Oriental, em águas disputadas pelos Estados-membros Grécia e Chipre.
As sanções contra Ancara serão um dos temas em cima da mesa na cimeira de chefes de Estado e de Governo do bloco comunitário agendada para quinta e sexta-feira.
“Qualquer decisão de impor sanções não será motivo de grande preocupação para a Turquia”, afirmou Erdogan, em declarações aos media turcos antes de partir para uma visita oficial ao Azerbaijão.
A UE tem imposto sanções à Turquia desde 1963. Nunca se comportou com honradez, nunca cumpriu as suas palavras. Temos sido muito pacientes”.
Na terça-feira, o chefe da diplomacia turca, Mevlut Çavusoglu, tinha pedido à UE para ser um mediador “justo e honesto” na resolução das disputas no Mediterrâneo Oriental.
Recep Tayyip Erdogan declarou também que a Turquia vai continuar “a proteger os seus direitos” no Mediterrâneo Oriental, reiterando que Ancara está disponível para sentar-se à mesa de negociações com a Grécia se Atenas “agir de forma honrada”.
“Acredito que é possível encontrar uma fórmula que seja benéfica para todos, que respeite os direitos de todos”, já tinha afirmado, na passada segunda-feira, o Presidente turco.
No passado dia 30 de novembro, a Turquia anunciou que o navio Oruç Reis, embarcação que estava a realizar atividades de exploração numa área potencialmente rica em hidrocarbonetos no Mediterrâneo Oriental, ia sair da zona e regressar a um porto.
A Turquia classificou esta decisão como um passo para retomar o diálogo, enquanto Atenas interpretou a medida turca como uma manobra para evitar as sanções do bloco comunitário.
A Grécia pediu que sejam impostas sanções à Turquia, mas nem todos os Estados-membros da UE estão de acordo sobre esta matéria.
Vários países temem que uma escalada do confronto leve Ancara anunciar, uma vez mais, a abertura das fronteiras com a Europa para a passagem de migrantes e refugiados.
Atenas conta com o apoio de vários parceiros comunitários, como é o caso de França e da Áustria.
Já países como a Alemanha, Espanha ou Itália opõem-se claramente à ideia de sanções.
Ancara e Atenas são dois Estados-membros da NATO que têm relações historicamente tensas.
Antes da partida para o Azerbaijão, Recep Tayyip Erdogan falou igualmente sobre a ameaça de sanções dos Estados Unidos contra a Turquia por causa da compra de um sistema de defesa antiaérea de fabrico russo.
Erdogan descreveu a postura norte-americana como “inapropriada”, afirmando que espera discutir tal questão com o Presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden.
O anúncio da aquisição do sistema russo de mísseis antiaéreos S-400 pela Turquia, em 2017, abriu uma crise no seio da NATO.
A NATO afirmou que o sistema russo representava uma ameaça à aliança militar e colocava em perigo, em particular, os segredos técnicos do programa do avião de guerra norte-americano F-35.