Engenho explosivo matou seis crianças da mesma família em Menongue, na província angolana do Cuando Cubango. Professor universitário apela a trabalho redobrado para evitar mais mortes. Após mortes, aumentam os apelos para a intensificação das campanhas de alerta: “Sempre que encontramos um objeto estranho, temos de ter cuidado”.
As seis crianças, entre os 2 os 9 anos de idade, morreram na semana passada devido à detonação de um engenho explosivo no bairro Ndjonde, a cerca de 12 quilómetros da cidade Menongue. Uma outra criança fica ferida.
“Eram sete crianças. Quando os pais iam trabalhar para as lavras, elas ficaram no bairro, a brincar. Ficaram a bater num ferro, e esse ferro era a bomba. Então, rebenta e acabou por matar seis crianças e feriu uma outra”, disse Lucas Tchinoia, tio das vítimas.
Numa nota de condolências, o Governo do Cuando Cubango mostra-se indignado e abalado com a morte das crianças.
“Dissemos ao Senhor Presidente que não conseguimos viajar na província”
João Lourenço prometeu desminagem até 2025
O processo de desminagem no Cuando Cubango começou em 1996.
Segundo dados da brigada de desminagem das Forças Armadas Angolanas na província, de 2005 a junho de 2021, foram removidos do solo mais de três milhões de engenhos explosivos não detonados e libertados três mil quilómetros de estradas.
Este ano, durante a cerimónia de comemoração dos 46 anos de independência de Angola, o então governador do Cuando Cubango, Júlio Bessa, garantiu que o Presidente João Lourenço se tem empenhado pessoalmente no processo de desminagem.
“Dissemos ao Senhor Presidente que não conseguimos viajar na província e o Senhor Presidente prontificou-se a dar uma verba de 60 milhões de kwanzas [mais de 90 mil euros] através da organização HALO Trust, que está a fazer a desminagem das principais localidades do Cuando Cubango”, anunciou.
O Presidente João Lourenço prometeu acabar com todas as minas terrestres no país até 2025.
Todo o cuidado é pouco
A propósito do caso em Menongue, o professor universitário Alberto Kamuenho diz que é preciso apurar como é que o engenho explosivo foi parar às mãos das crianças e redobrar os esforços para evitar mais mortes.
“Ao nível dos sobas, lá nas comunidades, e ao nível das escolas e de todos os encontros públicos, é preciso que a sensibilização se faça sentir para que todos nós – não só as crianças – tenhamos a consciência de que, sempre que encontramos um objeto estranho, temos de ter cuidado. É necessário dirigirmo-nos às autoridades para que tomem conta daquilo que é encontrado”, alerta Kamuenho.
A DW África contactou os departamentos de desminagem do Governo e a organização não-governamental HALO Trust para comentar o caso em Menongue, sem sucesso.
Recentemente, a HALO Trust assegurou que está comprometida com a meta de acabar com as minas terrestres em Angola até 2025.