A Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC) apelou hoje em comunicado a todos os dirigentes e ativistas políticos do território para constituírem uma “frente unida” para forçar Angola a negociar a independência.
No comunicado, que assinala o 60.º aniversário da criação da Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC), aquela organização separatista do enclave angolano nas República Democrática do Congo e República do Congo, salienta que “nunca recusou dialogar, mas sempre recusou submeter-se como exigiu Angola”.
“A Direção Politica da FLEC-FAC reafirma que está disponível para negociar imediatamente com o ocupante. Reafirma também a necessidade imperativa de um referendo em Cabinda para dar ao povo o legítimo direito de afirmar o futuro que pretende”, destaca-se no comunicado, assinado por Jean Claude Nzita, porta-voz da organização.
A Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC) anunciou que iniciou hoje, e até sexta-feira, em Ponta Negra, na República do Congo, a comemoração dos 60 anos da sua criação.
No apelo aos dirigentes e ativistas políticos de Cabinda, a Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC) insta-os a “ultrapassarem os seus diferendos e constituírem uma frente unida, em que cada um mantém a sua independência e liberdade política, que permitirá sincronizar e coordenar as ações politicas, sociais e militares que forcem Angola a negociar”.
“A FLEC-FAC permanece firme na sua legitima luta para dar a liberdade ao povo de Cabinda de decidir o seu futuro e de poder rejeitar ser a última nação africana por descolonizar”, salienta-se na nota, recordando que desde a sua criação lutou “contra a presença colonial portuguesa”, e acusa Portugal de, na sequência da independência de Angola, em 1975, “nunca respeitou os compromissos estabelecidos com a nação cabindesa”.
“Em 1975 Portugal traiu Cabinda oferecendo o seu território a Angola e Cuba, que ocuparam o nosso território através da repressão, humilhação e sangue”, prossegue o comunicado.
A Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC) mantém há vários anos uma luta pela independência do território, de onde provém grande parte do petróleo angolano, alegando que o enclave era um protetorado português – tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885 – e não parte integrante do território angolano.
O Governo angolano recusa normalmente reconhecer a existência de soldados mortos resultantes de ações de guerrilha dos independentistas, ou qualquer situação de instabilidade naquela província do norte de Angola, sublinhando sempre a unidade do território.