O Representante residente do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Angola, Victor Lledo, manifestou, esta quinta-feira, em Luanda, a intenção desta instituição apoiar, a partir de 2025, Angola nos esforços tendentes à implementação do plano do Grupo de Acção Financeira Internacional (GAFI), que prima pelo combate ao branqueamento de capitais.
Essa intenção surge há quase um mês depois do Plenário do GAFI ter deliberado, a 25 de Outubro último, em Paris (França), a inclusão de Angola na lista de países sob monitorização reforçada.
Segundo o Victor Lledo, que falava durante a cerimónia de apresentação do relatório sobre “Perspectivas económicas regionais da África subsariana: Reformas num contexto de grandes expectativas” do Fundo Monetário Internacional (FMI), o apoio desta instituição também estará voltado ao treinamento de pessoal, para melhorar as estatísticas macroeconómicas de Angola.
Recordou que o país tem usufruído de forma intensa dos serviços de capacitação do FMI, com destaque para a gestão de caixa e tesouraria, modelos de previsão inflacionária, modernização da Administração Geral Tributária (AGT), reforma dos impostos sobre os rendimentos, entre outras acções.
Relativamente ao relatório que retrata as perspectivas económicas regionais da África subsariana, o responsável destacou o estreitamento dos desequilíbrios macroeconómicos e a consolidação orçamental significativa, fruto do ajustamento das políticas a nível desta região.
Referindo-se concretamente a Angola, “a fonte realçou o facto de o país ter reduzido, significativamente, o seu rácio da dívida, desde 2021, fruto dos esforços fiscais empreendidos durante o programa com o FMI”.
Quanto à inflação, salientou que o relatório indica um aumento da receptividade da política monetária em circunstâncias difíceis na região e, em função disso, houve baixa na maioria dos países, dentro da margem adoptada como objectivo.
Apesar desse progresso, prosseguiu, a inflação continua nos dois dígitos em quase um terço dos países da África subsariana.
As perspectivas de crescimento da região para este ano deve situar-se em 3,6 por cento, embora limitado e desigual entre os países, prevendo-se, para 2025, que a actividade económica registe um aumento moderado de 4,2 por cento, com a inflação numa trajectória descendente.
Para Angola, assinalou, estima-se uma aceleração de crescimento este ano, graças ao retorno dos níveis normais de produção de petróleo, a par da contribuição dos sectores da agricultura e serviços.
Todavia, deu conta que grande parte dos países da África subsariana continua a precisar de reduzir os desequilíbrios macroeconómicos, sendo que em alguns em que a dívida é insustentável será inevitável proceder à reestruturação.
Victor Duarte Lledo precisou que, em geral, o crescimento regional mantém-se lento e o rendimento per capita continua a ser insuficiente para melhorar significativamente as condições de vida dos cidadãos e alcançar convergência com níveis de rendimento do resto do mundo.
Realizado em parceria com o Banco Nacional de Angola (BNA), a cerimónia de apresentação do Relatório do FMI foi prestigiada pelo ministro da Indústria e Comércio, Rui Miguêns, secretária de Estado para o Orçamento, Juciene de Sousa, secretário de Estado para os Recursos Minerais, Jânio Victor, presidente do Fundo Soberano de Angola, Armando Manuel, representantes de corpo diplomático e académicos.
O último relatório do FMI referente à África subsariana foi apresentado em Abril deste ano.