O presidente angolano João Lourenço apelou ao estreitamento as relações de cooperação bilateral com o Gana para “vencer a sensação de letargia” entre os dois países, destacando a importância de uma ligação aérea entre as capitais, Luanda e Accra
João Lourenço que cumpre a sua primeira visita oficial ao Gana discursou segunda-feira à noite num jantar oferecido pelo seu homologo Nana Addo DankwaAkufo-Addo, no Palácio Presidencial de Accra,
Angola e Gana estabeleceram relações diplomáticas em 1976, tendo assinado desde essa altura vários acordos bilaterais e instrumentos jurídicos que, no entanto, tardaram em passar à prática.
“Esta situação não favoreceu, obviamente, a necessária dinâmica nas nossas relações, o que nos leva a procurar encontrar mecanismos ágeis, que permitam contactos mais constantes e regulares entre representantes dos nossos respetivos Governos”, sublinhou o chefe do executivo angolano, defendendo que o ritmo das relações de cooperação deve “adquirir uma cadência mais condizente” com os interesses e perspetivas de cooperação já expressados numa visita do presidente ganense a Angola em 2019
“Devemos criar um vasto campo de cooperação em vários setores, de entre os quais destaco o da agropecuária e pescas, da energia, dos transportes marítimo e ferroviário, dos recursos minerais, da indústria, do turismo e outros que vierem a ser identificados. Angola tem particular interesse em beneficiar da experiência do Gana em matéria de prospeção, exploração, industrialização e comercialização do ouro”, instou.
Colocando “ênfase” na necessidade de vencer “esta sensação de letargia que há na relação entre os nossos dois países”, João Lourenço considerou importante o estabelecimento da ligação aérea entre Luanda e Accra, a ser assegurada pela TAAG, companhia aérea angolana, apontando o grande fluxo de cidadãos da África Ocidental para Angola em viagens de negócios.
“Acredito que este movimento poderá intensificar-se com a abertura da ligação aérea a que me referi, incrementando a procura recíproca de investimentos a serem realizados por empresários desta parte do nosso continente, o que irá conferir ao Gana uma posição de placa giratória entre a África Ocidental e a África Austral”, frisou.
João Lourenço abordou ainda a crise sanitária que se vive devido à covid-19, voltando a lembrar que as vacinas só produzirão efeitos satisfatórios no combate à pandemia se estiver garantido o acesso equitativo.
“Devemos procurar soluções que possibilitem a utilização racional dos recursos materiais de que dispõem os nossos países para obter resultados tangíveis, por via de mecanismos como a Zona Continental de Livre Comércio Africano, que abre caminho para a integração económica do continente”, apelou
No seu discurso o presidente angolano falou também sobre as preocupações comuns com a pirataria e outras atividades que afetam a segurança no golfo da Guiné apelando à mobilização de todos.
“Fomos capazes de pôr fim ao regime do Apartheid na África do Sul, acredito que seremos igualmente capazes de eliminar o terrorismo que assola os países da região do Sahel, do Corno de África, do leste da República Democrática do Congo ou do nordeste de Moçambique”.
“Estou convencido que, se nos mobilizarmos todos, conseguiremos realizar este objetivo, desde que cada um dos países do nosso continente assuma a importância da solidariedade”, concluiu.
João Lourenço que se encontra no Gana, após visitar a Turquia e a Guiné-Conacri vai ser hoje também recebido no Parlamento ganês