A Gestora de fundos britânica Gemcorp, que atua há quase dez anos em Angola, quer gerir ativos como uma empresa local e está à identificar oportunidades noutros países lusófonos, como Moçambique.
Em entrevista à Lusa, o CEO da Gemcorp, Atanas Bostandjiev, afirmou-se “muito interessado” em investir mais no setor financeiro em Angola e candidatou-se a uma licença para gerir ativos a nível local.
“Somos uma gestora de ativos sediada no Reino Unido e queremos ser também uma gestora local para trazer fundos estrangeiros e contribuir para o desenvolvimento do mercado de capitais local”, declarou, adiantando que estão em curso os trâmites administrativos para atribuição da licença.
Com esta licença, a Gemcorp poderá fazer as atividades de investimento que estão atualmente a ser feitas a partir de Londres, com uma equipa de gestores locais “para trazer mais conhecimento e contratar talento local” e formar pessoas no setor de investimentos.
Atanas Bostandjiev sublinhou que Angola é o “hub” da Gemcorp em Africa, onde além de investimentos em energia (refinaria de Cabinda) estão focados em financiar outros projetos estratégicos para o Governo, como o projeto de combate à seca no Cunene (provincia do Sul), agricultura e minas.
“Estas são as nossas principais áreas de interesse[RR1]”, realçou.
Entre estas destaca-se também uma parceria com a diamantífera estatal Endiama para dinamizar o potencial do Mulepe, situado na Lunda Norte que contém depósitos aluviais e kimberlitos significativos.
“Estamos a finalizar o plano de investimento para iniciar a operação, vamos anunciar muito em breve”, afirmou o fundador da Gemcorp.
Sobre atual situação económica de Angola, caracterizada pela subida dos preços e desvalorização acentuada, afirmou que tem uma visão de longo prazo para o país.
“Começámos a investir em Angola em 2014 e desde essa altura a economia angolana já passou por vários ciclos, uns de maiores dificuldades outros de melhorias. A nossa estratégia é ser um parceiro estratégico de longo prazo, acreditamos no potencial da economia angolana, acreditamos que o país merece o melhor e para que Angola tenha o melhor precisa de investidores como nós, para trazer o capital e conhecimento”, disse.
“Não estamos preocupados com flutuações de curto prazo e sim que o Governo entende que tem de fazer as reformas estruturais certas para atrair investidores e facilitar a vinda de investidores e capital estrangeiros”, continuou, reforçando que a Gemcorp quer “aproveitar a oportunidades que o mercado cria”.
Apresentando-se como investidor pan-africano, o líder da Gemcorp diz que está atento a outros países em África, designadamente Moçambique.
“Sim, temos interesse. Estamos a identificar as oportunidades certas”, respondeu à Lusa.
O Quénia é outro dos países africanos onde a Gemcorp está a investir, tendo adquirido recentemente uma participação minoritária num dos maiores projetos africanos de energia eólica.
Atanas Bostandjiev diz que África é um dos continentes centrais, mas não é o único foco da Gemcorp que olha também para a Europa de Leste (de onde ele próprio é originário) e outros mercados emergentes como o sudeste asiático e a América latina.