O Governador do Banco Central de Angola (BNA) disse hoje, na província do Uíje, que uma queda na produção petrolífera no último trimestre deste ano originou, no mês de outubro, a uma depreciação do kwanza em relação ao dólar.
José de Lima Massano falava hoje em conferência de imprensa no final da 108.ª sessão ordinária do Comité de Política Monetária do Banco Nacional de Angola (BNA).
Segundo José de Lima Massano, registou-se uma pressão sobre a moeda nacional, que causou uma perda de valor de cerca de 10,5% em relação ao dólar. Contudo, o kwanza, ao longo do ano, tem mantido uma apreciação em relação à moeda norte-americana.
“De facto o que assistimos no mês de outubro foi uma alteração, uma variação, que nós também consideramos de alguma forma acentuada e por isso preferimos alargar o período de observação para eventualmente tomarmos medidas do lado da política monetária, no que se refere às taxas de juro, para contrapormos esse efeito e continuarmos sobretudo a assegurar que o curso de redução da inflação se mantenha”, referiu.
Em outubro, acrescentou o governador do BNA, o setor petrolífero registou uma queda de cerca de 16,5% nas receitas de exportação, no terceiro trimestre deste ano, concretamente de 1,6 mil milhões de dólares (1,5 mil milhões de euros).
“Foi uma queda forte, tivemos uma quebra nas exportações que acabaram por trazer-nos menos cambiais para a economia e com isso o mercado ajustou-se, o que nós temos hoje é uma taxa de câmbio que é regulada por forças da oferta e procura e tendo ocorrido uma redução na oferta, o mercado ajustou-se”, salientou.
De acordo com o governador do BNA, ao longo deste mês também se tem registado “uma pressão mais ligeira”, com uma variação da moeda nacional de cerca de 5%.
“Mais branda do que aquilo que tivemos no mês de outubro, o que também sinaliza de que de alguma forma esse efeito poderá estar a ser já atenuado, com os desenvolvimentos mais recentes, que foi uma reposição, por assim dizer, por parte dos principais vendedores de divisas do nosso mercado, dos níveis que traziam anteriores a outubro”, frisou.
Para José de Lima Massano, significa que o próprio mecanismo de ajustamento atual da taxa de câmbio eliminou aquelas situações vividas no passado, em que uma variação como a que se assistiu particularmente no mês de outubro, causaria “um verdadeiro stresse, uma incapacidade de as operações serem realizadas”.
“De termos que encontrar caminhos alternativos para fazer os pagamentos sobre o exterior, vermos as operações acontecerem no mercado informal, nada disso ocorreu. O que aconteceu foi: a taxa de juro ajustou-se e o mercado continuou a funcionar”, sublinhou.
José de Lima Massano disse que a expectativa é que com a reposição dos níveis de exportação que o mercado venha a encontrar rapidamente equilíbrio e voltar a um cenário em que, ocorrendo variações, que elas sejam mais ligeiras.