Governo de Angola arrecadou, no terceiro trimestre deste ano, 6,2 mil milhões de dólares (5,3 mil milhões de euros) com a exportação de petróleo bruto, uma diminuição de 22,24% comparativamente ao período homólogo de 2024.
Os dados sobre as exportações de petróleo bruto e gás no terceiro trimestre deste ano, divulgados hoje pelo Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, dão conta de que o país exportou cerca de 91 milhões de barris de petróleo, representando uma diminuição de 10,91%, comparativamente ao terceiro trimestre de 2024.
No discurso de abertura, o secretário de Estado para o Petróleo e Gás, José Barroso, frisou que entre julho e setembro deste ano, o preço do Brent no mercado internacional apresentou uma trajetória volátil, com tendência de queda.
José Barroso destacou que houve comparativamente ao segundo trimestre de 2025 um aumento quer no volume exportado, de 7,19%, quer no valor arrecadado, de 9,25%, comparativamente ao segundo trimestre.
Em declarações à imprensa, José Barroso frisou que vários desafios marcaram o último trimestre, nomeadamente questões geopolíticas e de mercado, que influenciaram a indústria petrolífera angolana, por exemplo, o preço de venda.
“Como notamos agora no terceiro trimestre, infelizmente, tivemos uma tendência de queda do preço, tivemos um preço datado médio de cerca de 69 dólares, inferior ao trimestre passado, mas no geral, as coisas têm avançado”, disse.
O secretário de Estado para o Petróleo e Gás admitiu que o preço baixo terá influência nas receitas que o país conta receber para este ano, “mas há situações que podem levar a uma reversão da situação”, perspetivando melhorias e um “mercado mais estável”, com a assinatura de acordos entre Israel e o Hamas.
“Mas infelizmente existem grandes stocks de petróleo, nós temos agora a possibilidade de ter acesso a mais petróleo asiático, do Irão e de outros países, e isto poderá levar a uma queda maior do preço de petróleo, mas, em termos de produção nacional, nós continuamos alinhados com o objetivo que é de produzir em média mais de um milhão de barris de petróleo por dia”, destacou.
Para o quarto trimestre do ano, José Barroso disse que, primeiro, “é preciso perceber o que vai realmente acontecer em Gaza”, na Ucrânia e as decisões que a OPEP+ [organização que junta 23 países produtores de petróleo, da qual Angola se retirou em 2024] poderá tomar, que decidiu neste momento aumentar os níveis de produção.
“Acreditamos que hoje a oferta é maior do que a procura, mas as coisas poderão mudar, tudo vai depender realmente da estabilidade política que nós tivermos nos próximos tempos”, salientou.
José Barroso frisou que o declínio da produção é o principal problema da indústria petrolífera angolana, que vai perdendo produção “todos os dias devido à maturidade dos campos”, mas o Governo tem lançado novos projetos para substituir as perdas.
“Infelizmente, às vezes não é possível trazer o mesmo volume de petróleo novo do que se perde, mas há um equilíbrio, o objetivo é mantermos acima de um milhão de barris de petróleo por dia. Houve um mês que a média foi inferior a um milhão, mas isso estava previsto devido a ações de manutenção de algumas instalações”, disse.
“Nós estamos a trabalhar principalmente para que esta produção se mantenha a este nível até 2027/2030, depois com o resultado das atividades de exploração poderemos ou não continuar a ter esta produção, tudo vai depender do resultado das atividades de exploração, que nós estamos a realizar neste momento”, acrescentou.
No terceiro trimestre, setembro foi o mês que registou menor volume de exportações, com 28,5 milhões de barris de petróleo, bem como de valor arrecadado, com 1,9 mil milhões de dólares (1,6 mil milhões de euros).
A China continua a ser o principal destino das exportações de petróleo bruto angolano, com 59,63%, seguido da Índia (8,59%), Indonésia (7,61%) e Espanha (4,13%).
No que se refere ao gás natural, foram exportadas cerca de 1,6 milhões de toneladas métricas, com destaque para o Gás Natural Liquefeito (LNG), que representou 88,62%, arrecadando o valor bruto de 900,7 milhões de dólares (776,3 milhões de euros), maioritariamente exportado para a Ásia.