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Governo angolano defende que a Banca deve transformar “rentabilidade em alavanca” para crescimento de Angola

O Governo angolano defendeu hoje que a banca deve transformar a sua rentabilidade em alavanca para o crescimento inclusivo do país e instou os seus operadores a auxiliarem as autoridades na redução da informalidade da economia angolana.

“A banca deve transformar a sua rentabilidade em alavanca para o crescimento inclusivo, não apenas em reflexo da dívida pública ou da volatilidade cambial.

Os bancos angolanos têm hoje o desafio de provar que os seus resultados não se limitam à esfera financeira, mas se revertem em benefícios tangíveis para a economia real”, disse o secretário de Estado para as Finanças e Tesouro de Angola, Ottoniel dos Santos.

Segundo o governante, que falava na abertura do XV Banca, subordinado ao tema “O Valor e a Rentabilidade dos Bancos em Angola”, em 2024, os lucros da banca comercial angolana cresceram 82%, “refletindo, em boa parte, os rendimentos de juros e a valorização dos títulos da dívida pública, os ganhos cambiais e as reavaliações cambiais” provocadas pela depreciação da moeda nacional.

O lucro conjunto dos 19 bancos que divulgaram as contas de 2024 cresceu para 905,6 mil milhões (884 milhões de euros) face aos 497,6 mil milhões de kwanzas (464 milhões de euros) registados em 2023, conforme cálculos do Expansão divulgados neste fórum.

Estes resultados revelam “eficiência e rigor regulatório”, mas também, observou o secretário de Estado, levantam um desafio: “num país que cresce a 4% ao ano, que leitura devemos fazer de lucros bancários que avançam vinte vezes mais rápido? Que riscos — ou que oportunidades — esse desfasamento revela?”, questionou.

Para Ottoniel dos Santos, que falava em representação da ministra das Finanças, os desafios da banca angolana não se traduzem em limitar a sua rentabilidade, “mas sim a de questionar o seu impacto real”.

“Em que medida os lucros espelham a expansão do crédito produtivo? Em que medida a rentabilidade traduz inclusão, dinamismo e inovação?”, voltou a questionar, insistindo que a banca angolana deve transformar a sua rentabilidade em alavanca para o crescimento inclusivo.

O Estado, prosseguiu, “continua empenhado na trajetória de consolidação orçamental, em reforçar o ambiente de negócios, melhorar os mecanismos de garantias, fomentar instrumentos de partilha de risco e promover plataformas que aproximem os bancos dos empreendedores”.

De acordo com o governante, as autoridades angolanas têm noção de que muitos projetos não chegam ao crédito “por insuficiência de estruturação”, defendendo a necessidade de os bancos promoverem serviços de aconselhamento e capacitação financeira junto dos micro, pequenos e médios empreendedores.

Entende igualmente que a banca angolana “tem de ser mais do que uma financiadora: tem de ser uma parceira do desenvolvimento, com capacidade para estruturar propostas, mitigar riscos e apoiar negócios que ainda não nasceram – mas que podem transformar o tecido económico do país, assim como auxiliar o Executivo na materialização do processo de redução da informalidade da economia”.

“Tudo isto exige diálogo, responsabilidade e uma visão estratégica partilhada”, sinalizou no decurso da sua intervenção na abertura deste fórum promovido, em Luanda, pelo jornal económico Expansão.

Ottoniel dos Santos defendeu ainda que os bancos que souberem alinhar a sua rentabilidade com a utilidade económica e a coesão social “serão justamente valorizados – não apenas pelo mercado, mas pela sociedade”, assinalando que supervisão bancária ganhou densidade, independência e maior eficácia com a nova lei do banco central angolano.

 

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