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Haiti: Primeiro-ministro interino do Haiti “Claude Joseph” demite-se

Claude Joseph assumia a liderança do país desde o assassínio do Presidente Moïse. Agora, cede o cargo a Ariel Henry, que tinha sido nomeado primeiro-ministro mas nunca chegou a tomar posse. Primeiro-ministro interino do Haiti apresenta demissão para pôr fim a disputa por liderança no governo.

O primeiro-ministro interino do Haiti, Claude Joseph, anunciou a demissão esta segunda-feira, pondo fim a um impasse que dura desde o assassínio do Presidente Jovenel Moïse no início deste mês. A chefia do governo ficará a cargo de Ariel Henry, que tinha sido escolhido para o cargo por Moïse, mas nunca chegou a tomar posse devido ao assassínio do chefe de Estado.

“Toda a gente que me conhece sabe que não estou interessado nesta batalha ou em qualquer tentativa de tomada de poder”, disse Claude Joseph, em entrevista ao The Washington Post. “O Presidente [Jovenel Moïse] era um amigo. Só quero que seja feita justiça”, acrescentou.

Dois dias antes de ser assassinato, o Presidente Jovenel Moïse nomeou Ariel Henry, um neurocirurgião de 71 anos, para primeiro-ministro. No entanto, devido ao assassínio do chefe de Estado a 7 de julho, não houve tomada de posse, o que levou a uma disputa entre Henry e Joseph pelo poder, com este último a considerar que o neurocirurgião não tinha legitimidade para chefiar o executivo.

Claude Joseph, que foi ministro dos Negócios Estrangeiros, desempenhava o cargo de primeiro-ministro interino quando Moïse foi assassinado — nos últimos quatro anos, o cargo de primeiro-ministro foi ocupado por sete pessoas —, e por esse motivo considerava ser o líder legítimo.

Com o passar dos dias, “a disputa pelo poder entre Claude Joseph e Ariel Henry chegou à comunidade internacional, com ambos a procurarem o reconhecimento de outros países. E se no início o primeiro-ministro interino parecia reunir maior consenso, tudo começou a mudar no último fim de semana, quando embaixadores de um grupo de países e organizações, entre eles os Estados Unidos e a União Europeia”, defenderam a necessidade de o Haiti ter um governo “consensual e inclusivo”, chefiado pelo “primeiro-ministro designado Ariel Henry”.

Perante a perda de apoio, Claude Jospeh ficou mais isolado e, conforme o próprio contou ao The Washington Post, após reuniões com Ariel Henry, acabou por aceitar renunciar ao cargo de primeiro-ministro “para o bem da Nação”.

Ariel Henry, entretanto, elogiou a maturidade do povo do Haiti perante o que “poderia ter sido um golpe de Estado” e prometeu anunciar em breve o resto dos membros do seu governo interino até que seja possível serem convocadas novas eleições.

“Faço um apelo ao altruísmo dos patriotas haitianos para que se superem para que possamos enfrentar juntos os perigos que nos ameaçam a todos e que põem em risco a própria existência da Nação”, afirmou Henry, citado pelo The New York Times.

O Haiti, um dos países mais pobres do mundo, enfrenta há várias décadas uma profunda crise económica e política, agravada pelo assassínio do Presidente Jovenel Moïse, que aumentou ainda mais a instabilidade no país mergulhado no caos.

Em 2019, “o Haiti deveria ter realizado eleições legislativas, mas estas acabaram adiadas devido à instabilidade política, o que levou a que o Presidente Jovenel Moïse passasse a governar por decreto”.

Ariel Henry deverá agora chefiar o executivo até à realização das próximas eleições legislativas, que permitam que o país consiga alguma estabilidade, embora não haja data para que tal aconteça, numa altura em que o assassínio de Jovenel Moïse continua com muitas questões por responder.

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