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Instituto Nacional de Luta Contra a Sida (INLS) de Angola incentiva vítimas de “contaminação dolosa” por VIH/Sida a fazerem queixa

O Instituto Nacional de Luta Contra a Sida (INLS) de Angola incentivou hoje as alegadas vítimas de contaminação intecional por VIH/Sida a denunciarem os casos as autoridades, referindo que, até ao momento, “ninguém ainda teve coragem” de oficializar queixas.

“Ouvimos pelos corredores, ouvimos nas ruas (relatos de contaminação dolosa), mas ninguém ainda teve coragem de oficializar essas queixas”, afirmou hoje a diretora geral do INLS, Lúcia Furtado à margem do segundo dia do workshop sobre o Plano Estratégico Nacional de resposta ao VIH/Sida e Hepatites Virais.

Segundo a responsável, que respondia aos jornalistas as denúncias sobre o reaparecimento da contaminação dolosa em Angola, também abordou este assunto, há duas semanas, com a Provedora de Justiça, que disse não ter igualmente registo de queixas.

“Tive um encontro há duas semanas com a Provedora de Justiça que também nos relatou não ter recebido nenhuma queixa desta natureza e, então, encorajo as pessoas que têm esse tipo de problema a fazerem a queixa às autoridades para o devido tratamento”, referiu.

Lúcia Furtado deu conta igualmente que há dois anos que Angola não regista rotura de stock de antirretrovirais, assegurando que o país tem garantidos fármacos para as pessoas vivendo com o VIH/Sida até março de 2023.

Desde 2020 com a “transição para uma droga com menos efeitos colaterais e mais potente, nós tivemos um stock de antirretrovirais que não permitiu haver roturas em nenhum momento há dois anos, nós temos medicamento”, notou.

No workshop, que decorre em Luanda, o INLS apresentou as estimativas do quadro do VIH/Sida em Angola, dando conta que 320.000 pessoas vivem com o VIH em Angola, destas 36.000 crianças dos zero aos 14 anos, 190.000 mulheres, 25.000 gestantes seropositivas, 17.000 novas infeções e 15.000 mortes relacionadas ao Sida.

“Neste momento, estamos em processo de aquisição de uma nova encomenda para os próximos anos, neste momento garantimos antirretrovirais até março de 2023, nós fazemos a distribuição trimestral aos gabinetes provinciais da saúde”, argumentou.

Uma organização não-governamental angolana denunciou, em outubro passado, que pessoas com estabilidade financeira no país, entre membros do governo, deputados, empresários, polícias e militares, estão a “contaminar dolosamente muitas jovens” com o VIH/Sida, um fenómeno que “renasce” no país.

Segundo o presidente da Rede Angolana das Organizações de Serviços de Sida e Grandes Endemias (ANASO), organização não-governamental, António Coelho, o fenómeno da contaminação dolosa por VIH/Sida, “que já estava mais ou menos controlado, está de volta”.

“Portanto, as pessoas com alguma saúde financeira de todos os estratos da sociedade, entre membros do governo, deputados, empresários, polícias e militares, neste momento estão com esse comportamento que é a questão da contaminação dolosa”.

“De forma consciente, essas pessoas têm estado a utilizar as nossas jovens para passarem e disseminarem e epidemia e também temos que realizar um estudo para perceber que fatores têm estado a contribuir para termos este fenómeno de volta”, apontou António Coelho.

Em declarações à margem do encontro mensal da Anaso sobre as jornadas alusivas ao Dia Mundial da Sida 2022, o presidente da organização apontou a contaminação dolosa como um dos principais fatores que concorrem para o alto índice da epidemia em Angola.

O elevado índice de pobreza em Angola, a grande mobilidade da população e o início precoce da atividade sexual por parte das jovens dos 10 aos 14 anos envolvidas na prostituição, realçou António Coelho, estão igualmente entre os principais fatores do aumento do VIH/Sida no país.

 

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