O Presidente angolano apelou hoje aos jovens a “não se deixarem manipular” por aqueles que não têm condição de resolver os seus problemas em educação, saúde, habitação e emprego.
João Lourenço discursava, na qualidade de líder do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder, na abertura da IV sessão ordinária do Comité Central, que vai analisar além de questões internas, a situação dos transportes e vias de comunicação, bem como do Plano Integrado dos Municípios, qualquer um deles geradores de emprego.
A observação feita pelo líder do partido que governa o país surge após várias manifestações realizadas nos últimos tempos em Angola, nas quais os jovens têm cobrado a promessa eleitoral da criação de 500 mil postos de trabalho e a degradação social e económica da população.
A mais recente, no sábado passado em Luanda, partiu da sociedade civil e contou com o apoio da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola, maior partido da oposição), tendo sido reprimida pela polícia, registando-se confrontos e mais de 100 manifestantes detidos.
Segundo João Lourenço, “esses problemas já estão sendo resolvidos, à medida do possível, pelo executivo e os seus parceiros, o setor empresarial privado”.
O chefe de Estado angolano sublinhou na sua intervenção que a juventude constitui uma franja maioritária da população, da qual as autoridades se orgulham.
“A juventude tem responsabilidades para com o país e o país tem igualmente responsabilidade para com a juventude”, disse João Lourenço, frisando que apesar da pandemia da covid-19, o executivo “apostou seriamente na produção interna de bens de consumo agrícola e industrial de primeira necessidade, não só para aumentar a oferta interna e reduzir as exportações, mas também para garantir mais postos de trabalho para os cidadãos e em particular para a juventude”.
João Lourenço lembrou que importantes indústrias construídas com dinheiros públicos, e que estiveram paradas há anos por gestão danosa, vão, em breve, entrar em funcionamento, no quadro do programa de privatização em curso, “o que vai garantidamente aumentar a atual oferta de emprego para os jovens”.
O líder do MPLA sublinhou que em Angola, como em todo o mundo, os efeitos nefastos da covid-19 fizeram o mercado de trabalho contrair, “porque há empresas que encerram e outras que, por força do cumprimento das medidas impostas pelo estado de emergência ou peo estado de calamidade pública, trabalham apenas com uma parte da sua força de trabalho”.
“Mas ao mesmo tempo assistimos com satisfação à abertura de novas unidades de produção industrial, por parte de empresas que antes importavam para comercializar, mas que face às políticas do executivo de incentivo à produção passaram a produzir esses mesmos bens em território nacional, que é bastante encorajador”, disse.
“O esforço que o executivo e o setor empresarial privado vêm fazendo na manutenção e criação de emprego está visível aos olhos de todos, mas o pleno emprego não se alcança em períodos de crise económica e de pandemia mundial profunda, este milagre não foi ainda realizado por ninguém, portanto, não é de se esperar que venha a acontecer em Angola do dia para a noite”, observou.