O Presidente cessante da Tanzânia, John Magufuli, foi declarado vencedor das eleições presidenciais de quarta-feira pela Comissão Eleitoral Nacional (NEC, em inglês), tendo conquistado 84,39% dos votos.
A comissão declara John Magufuli, do CCM [Chama Cha Mapinduzi, partido no poder], que obteve a maioria dos votos, o vencedor das eleições presidenciais”, afirmou o presidente da NEC, Semistocles Kaijage, citado pela agência France-Presse.
O principal opositor a Magufuli, Tindu Lissu, advogado de 52 anos, candidato pelo Chadema, recolheu 13,03% dos votos expressos.
Os restantes votos foram divididos entre os outros 13 candidatos.
Foram registados os votos de 50,72% dos mais de 29 milhões de eleitores registados.
Segundo a agência noticiosa Associated Press, Magufuli, 60 anos, recolheu 12,5 milhões de votos e Lissu cerca de 1,9 milhões.
Quanto à composição do parlamento tanzaniano, o CCM conquistou também 253 dos 261 círculos eleitorais até agora anunciados.
Com estes resultados, o partido no poder ultrapassa os mais de dois terços necessários para aprovar alterações à Constituição do país, incluindo o alargamento do limite de dois mandatos presidenciais.
Lissu rejeitou os resultados, alegando “irregularidades generalizadas”, tendo apelado à realização de manifestações pacíficas.
A oposição tanzaniana alega que milhares de observadores foram afastados das mesas de voto durante a votação, na quarta-feira, e que pelo menos uma dúzia de pessoas morreram na véspera das eleições na região semiautónoma de Zanzibar.
Ainda assim, o presidente da comissão defende que todos os votos são legítimos.
Numa avaliação hoje divulgada, o grupo de especialistas regional Tanzania Elections Watch assinalou que estas eleições marcaram “o recuo mais significativo nas credenciais democráticas da Tanzânia”, indicando que o forte destacamento de militares e polícias criou um “clima de medo” entre os eleitores.
“O processo eleitoral, até agora, está muito abaixo dos padrões internacionais aceitáveis”, defendeu o grupo.
A oposição alegou que entre as irregularidades estão os bloqueios no acesso à Internet e a serviços de troca de mensagem e votações duplas.
Ao contrário de eleições anteriores, estas não tiveram grande presença de observadores eleitorais internacionais, como a União Europeia.
Os Estados Unidos da América afirmaram que “as irregularidades e as margens esmagadoras da vitória levantam sérias dúvidas sobre a credibilidade dos resultados anunciados”.
O primeiro mandato de Magufuli foi marcado por um forte declínio das liberdades individuais e dos direitos humanos no país, de acordo com muitas organizações de defesa dos direitos humanos.
O mandato de Magufuli ficou igualmente marcado pela aprovação de leis que permitiram o aumento das receitas mineiras e pela exigência de milhões de dólares em impostos retroativos às empresas que operam no país.
O FMI prevê uma queda no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 1,9% este ano.