Oito jornalistas da Rádio Despertar denunciam que foram suspensos por reivindicarem três meses de salários em atraso. O sindicato acusa a direcção da estação emissora de ser “alérgica” ao diálogo.
Os jornalistas dizem que foram surpreendidos na tarde de sexta-feira (30) com uma comunicação verbal que dava conta da suspensão, por reclamarem três meses de salários em atraso e condições de trabalho.
Referem, também, que estão insatisfeitos com aquilo que tem estado acontecer nos últimos dias ao nível da rádio, particularmente, com as condições de trabalho e biossegurança.
Um grupo de funcionários decidiu, há dois dias, protestar na sede da UNITA, para pressionar o pagamento de salários, mas parece que a intenção terá caído mal para os dirigentes da organização, que suspendeu os manifestantes.
A Comissão do Sindicato dos Jornalistas Angolanos da Rádio Despertar confirma o pendente salarial e considera que a direcção da estação é “alérgica ao diálogo”.
João Walter dos Santos, líder da comissão sindical, reforçou que nos próximos dias os trabalhadores vão promover uma vigília nas instalações da UNITA para exigir o pagamento dos salários.
“Nesta vigília vamos levar os filhos, panelas para mostrar que não há nada em casa e para que a comunidade nacional e internacional saiba da arrogância dos dirigentes da rádio”, disse o jornalista.
Fonte ligada à Rádio Despertar confirmou o pendente que tem com os trabalhadores, porém, atira a culpa à crise financeira e sanitária, como sendo a responsável pelos atrasos salariais.
“Na verdade, estamos a trabalhar para seleccionarmos a questão salarial dos funcionários, apesar da crise. O sindicato está informado das nossas diligências, mas o que nos surpreendeu foi a atitude dos trabalhadores”, finalizou.
Reacção do director-geral da Despertar
Numa nota tornada pública a que a Rádio Angola teve acesso, Emanuel Malaquias, director-geral da Rádio Despertar, disse que, “contrariamente ao que está a circular nas redes sociais e nalguns órgãos de Comunicação Social a Rádio Despertar não despediu nenhum dos seus funcionários, muitos menos pelas razões que se vão insinuando de forma avulsa”.
Para Emanuel Malaquias, “a Rádio Despertar é uma empresa de comunicação social privada, sujeita às dificuldades económicas e financeiras que o mercado angolano vem enfrentando mas, nunca deixou de honrar os compromissos salariais com os seus profissionais”, considerou.
Esclareceu que, “os salários estão comprovadamente pagos até o mês de Julho e o referente ao mês de Setembro vai ser pago na primeira semana de Novembro. Há garantias bancárias para esta afirmação”.
“Não se pode falar em dívida de três meses porque o mês de Outubro só vence, segundo a Lei Geral do Trabalho, dia dez do mês subsequente, a dez de Novembro portanto”, justificou, para quem “no que se refere aos tais despedimentos de que tanto se fala, desafiamos os veiculadores de tal informação no sentido de fazerem prova de um nome, um apenas, que corresponda ao de um trabalhador despedido nas referidas circunstâncias”, disse.
Lembra-se que, em 2018, três membros do Núcleo sindical da Rádio Despertar foram suspensos e despedidos, nomeadamente Serrote Simão, Pedro Mota e Francisco Paulo, por exigirem, em caderno de encargos, melhores condições de trabalho, pagamento de imposto de rendimento de trabalhador e o pagamento dos atrasos salariais.