O governador do banco central angolano disse hoje que a oferta de cambiais no mercado está acima da procura, levando o Banco Nacional de Angola a adquirir, recentemente, 150 milhões de dólares (132,9 milhões de euros).
José de Lima Massano, que falava em conferência de imprensa, depois da realização da reunião do Comité de Política Monetária do Banco Nacional de Angola, disse que a ação cambial está agora nas mãos dos bancos comerciais, companhias petrolíferas, diamantíferas, tesouro nacional e mais recentemente, por convite, das companhias aéreas e seguradoras, através de uma plataforma da Bloomberg.
Segundo José de Lima Massano, “elas são livres de aí transacionar e negociar a moeda nos termos que entendem adequados”.
No entanto, verifica-se que “há uma oferta de cambiais, nessa altura, acima da procura, e tem sido recorrente, nesta segunda metade do ano, – e nós próprios BNA somos por vezes obrigados a intervir, não mexendo na taxa de câmbio – mas adquirindo moeda”.
O governador do Banco Nacional de Angola sublinhou que no início deste mê, o banco teve de organizar um leilão, por ter adquirido moeda ao mercado, por dificuldade de absorção, para revender.
“Falamos de cerca de 150 milhões de dólares, desse valor o BNA conseguiu revender ao mercado cerca de 20 milhões de dólares (17,7 milhões de euros) e esta semana […] procedemos à aquisição de 100 milhões de dólares ao tesouro, porque o mercado não tem condição de adquirir”, frisou.
Esta situação pode decorrer, prosseguiu José de Lima Massano, de vários motivos, nomeadamente não ter procura elevada a este nível de taxas, não ter operações paradas por falta de cobertura cambial, entre outros.
“Hoje mesmo a moeda voltou a apreciar, os bancos comerciais adquiriram a moeda abaixo da taxa média de referência de mercado e por isso o kwanza voltou a apreciar, e nesses termos, ao BNA o que resta é procurar manter este sentido de estabilidade e lá onde possível ir reduzindo volatilidade”, disse.
No que se refere ao mercado informal, o governador do banco central recordou que quando começou o programa de reformas, previa-se no fim desta legislatura um diferencial entre o mercado oficial e o informal de cerca de 20%.
“Porque tínhamos partido de uma base, um diferencial bastante expressivo, que era na ordem dos 150%. O mercado estava de tal forma desestruturado que as transações cambiais ocorriam no mercado informal”, lembrou.
O governador do Banco Nacional de Angola disse que a meta foi alcançada, mas continua o trabalho ao ponto de hoje para o banco central não ser necessariamente uma preocupação.
“A nossa preocupação a esse nível ainda se coloca com os nossos concidadãos, as empresas, que por um ou outro motivo sentem ainda a necessidade de fazer transações na rua, correndo todos os riscos associados, notas falsas, recursos que são desviados, branqueamento de capitais”, salientou, realçando que foi atingido um ponto de equilíbrio, “em que a procura e a oferta estão a determinar a taxa de câmbio”.
No mês de outubro, o mercado cambial registou uma apreciação do kwanza em cerca de 0,61% em relação ao dólar norte-americano, elevando a apreciação acumulada no ano para 8,83%.
No mesmo período, os bancos comerciais adquiriram ao mercado um total de 863,05 milhões de dólares (765 milhões de euros) um ligeiro aumento face aos 824,72 milhões de dólares (73,1 milhões de euros) adquiridos em setembro, tendo a oferta sido superior à procura, o que explica a apreciação da moeda nacional.