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Julgamento de manifestantes prossegue hoje em Luanda com audição dos últimos dez arguidos

O julgamento dos manifestantes detidos em Luanda no passado sábado prossegue hoje com a audição dos últimos 10 arguidos, tendo sido já ouvidos os restantes 93, disse à Lusa um advogado de defesa.

Segundo Zola Bambi, a sessão “vai começar dentro de alguns minutos”, no Tribunal Provincial de Luanda.

Os advogados já tinham solicitado que o julgamento fosse realizado numa sala com melhores condições para acolher tanto os arguidos, como os seus defensores, representantes do Ministério Público e juiz, objetivo que não se concretizou até ao momento.

O julgamento dos 103 manifestantes teve início na segunda-feira e levou até ao tribunal, o palácio D. Ana Joaquina, na baixa de Luanda, centenas de apoiantes que exigiam a libertação dos seus companheiros.

No sábado passado, foram também detidos vários jornalistas, entretanto libertados, sem acusação.

O tribunal foi palco de protestos e confrontos com a polícia que, na quarta-feira, proibiu a presença de manifestantes nas proximidades do local após desacatos e alguns atos de vandalismo.

Os manifestantes são acusados de desobediência ao decreto presidencial 276/20, que estabeleceu medidas mais restritivas no âmbito da prevenção da covid-19, quatro crimes de ofensas corporais voluntárias e dois crimes de danos voluntários sobre bens da Polícia Nacional.

O Presidente João Lourenço falou, na quinta-feira, pela primeira vez sobre os acontecimentos, enquanto líder do MPLA, negando a violação de direitos em Angola e dizendo que o direito à manifestação está apenas “condicionado” temporariamente por causa da pandemia.

O chefe de Estado atacou também a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), principal força da oposição, que também aderiu à marcha convocada por movimentos cívicos, considerando que o partido devia assumir “todas as consequências dos seus atos de irresponsabilidade” no possível aumento de casos de covid-19, devido ao envolvimento direto nos protestos.

O presidente da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, respondeu na sexta-feira às críticas, afirmando que João Lourenço “tem medo do povo, que vai demonstrando saber ler e posicionar-se em defesa do seu interesse”.

O Tribunal Provincial de Luanda, responsável pelo julgamento dos manifestantes detidos durante protestos contra o elevado custo de vida e desemprego está supostamente, a receber ordens superiores e pressão dos agentes da segurança do estado, que têm permanecido na sala.

As declarações são de Adalberto Costa Júnior, presidente do maior partido da oposição angolana, UNITA que tem insistentemente desafiado o actual presidente angolano para um diálogo de concertação, em um espaço televisivo, público nacional e internacional para abordar questões que marcam a actualidade.

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