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“Juventude e mulheres são cruciais para o desenvolvimento de África” — Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló

O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, disse hoje numa conferência em Lisboa que África e a Guiné-Bissau precisam de apostar nas mulheres e na juventude para garantirem o desenvolvimento e ultrapassarem os muitos desafios que enfrentam.

“Alcançar o sucesso na concretização dos objetivos e na resposta aos desafios políticos e económicos, aos desafios sociais e culturais, de estabilidade institucional e de segurança vai depender muito da natureza e amplitude da aposta que fizermos na juventude e na mulher africana”, disse o chefe de Estado da Guiné-Bissau, na conferência ‘A Democracia em África’, que decorre hoje em Lisboa, organizada pela Internacional Democrata do Centro (IDC).

Referindo-se especificamente ao seu país, Embaló vincou que existem duas “realidades sociais incontornáveis”, que são a juventude e a mulher, e que devem enformar as políticas públicas neste país africano lusófono.

“Temos uma população muito jovem, em que 79% da população está concentrada entre os 0 e os 35 anos, e essa população espera que o Estado adote políticas públicas que garantam boa educação, melhor acesso ao sistema de saúde, melhor formação profissional, e só assim a juventude pode ser a portadora do futuro que todos queremos para os nossos países”, disse o chefe de Estado guineense, acrescentando que a outra realidade é o peso da mulher na sociedade.

“Na Guiné-Bissau, 51,6% da população são mulheres, e são necessárias políticas ainda mais ativas de igualdade de género, formação e escolarização das raparigas, inclusão laboral e justiça salarial e acesso a funções de responsabilidade administrativa e proteção da maternidade”, afirmou, destacando que “a política de igualdade de género é importante para configurar uma sociedade de progresso económico”.

Na intervenção, o Presidente da Guiné-Bissau destacou a importância da democracia para a realização destes objetivos e para a sustentação do desenvolvimento económico, pegando nas palavras do primeiro-ministro de Cabo Verde que, minutos antes, tinha destacado que os tempos de incerteza vividos no seguimento da pandemia de covid-19 e da invasão da Ucrânia pela Rússia são “terreno fértil” para os ataques à democracia.

“O pior inimigo da democracia é os cidadãos acharem que são todos os políticos são iguais, porque isso é uma porta aberta para o populismo e o nacionalismo se instalarem”, disse Ulisses Correia e Silva, lembrando a chamada ‘lei de Gresham’, segundo a qual a má moeda expulsa a boa moeda da circulação.

Os populismos, continuou, “são potenciados pelas redes sociais, que são ataques reais e que se desenvolvem em países democráticos, não apenas nos países autocráticos, que também têm um interesse em expandir o seu modelo de governação, e daí o confronto entre os países democráticos e os que querem alargar os seus regimes, que não são democráticos”.

Na intervenção de defesa da democracia, Ulisses Correia e Silva considerou que “quanto mais pobre for o país, mais pobres serão as possibilidades de escolha dos cidadãos”, e por isso defendeu a necessidade de apostar na educação para potenciar o desenvolvimento do país.

“Entre os partidos no poder e os partidos na oposição, há sempre um país no meio, há sempre cidadãos que precisam de ser protegidos contra abusos de poder”, concluiu o governante, que é também o presidente da IDC África.

A reunião, que tem como tema “Democracia em África”, é promovida pela Internacional Democrática do Centro (IDC), que reúne mais de 90 partidos políticos, e decorre na sede da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA).

A IDC África é presidida por Ulisses Correia e Silva, atual primeiro-ministro de Cabo Verde.

As conclusões do debate e respetivas linhas de força serão inscritas num documento final, denominado “Declaração de Lisboa”.

O evento conta com a presença de diversos dirigentes dos partidos que compõem a IDC Internacional e IDC África, vários dos quais chefes de Estado e de Governo, assim como do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas.

Entre os dirigentes políticos esperados figuram Ulisses Correia e Silva, primeiro-ministro de Cabo Verde e presidente do Movimento para a Democracia (MpD), o partido no poder, Umaro Sissoco Embaló, Presidente da Guiné-Bissau, Patrice Trovoada, primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe e presidente da Ação Democrática Independente (ADI), o partido no poder, e Adalberto da Costa Júnior, presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), principal partido da oposição angolana.

O presidente da principal formação da oposição em Moçambique, Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Ossufo Momade, o secretário-geral do partido marroquino Istiqlal, Nizar Baraka, o presidente da IDC Internacional e ex-presidente da Colômbia Andrés Pastrana, bem como diversos dirigentes de partidos da Guiné-Conacri, Burkina Faso, Madagáscar, Somália, e especialistas de assuntos políticos e de segurança de Espanha, França, Hungria e Reino Unido, participam igualmente na reunião.

 

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