O líder do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) defendeu hoje que múltiplas candidaturas à liderança no próximo congresso “não beliscam a harmonia” do partido, escusando-se de falar sobre o futuro candidato às eleições de 2027, mas garantindo que apenas um nome será apresentado.
João Lourenço, também Presidente de Angola, falava aos jornalistas após inaugurar a nova sede nacional do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), ato integrado nas comemorações do 69.º aniversário do partido, que governa Angola desde a independência em 1975 e foi fundado a 10 de dezembro de 1956.
Questionado sobre o surgimento de nomes que manifestaram intenção de concorrer à liderança do MPLA, João Lourenço garantiu que isso “em nada belisca a harmonia interna do partido”, assegurando que “o partido está sólido em termos de unidade interna”.
Sobre a possibilidade de múltiplas candidaturas à liderança no próximo congresso do partido, marcado para 2026, João Lourenço assegurou que todo o processo “será feito no respeito estrito ao que dizem os estatutos”.
“As pessoas são livres de dizerem o que quiserem, se apresentarem como candidatos, mas na realidade, à luz do que diz a nossa Constituição, os partidos políticos só podem ter um candidato, só é candidato aquele que, como candidato do seu partido, é apresentado ao Tribunal Constitucional. Nenhum partido político pode apresentar dois, três nomes ao Tribunal Constitucional. Só vai apresentar um nome. Portanto, o que acontece antes, não nos preocupa”, afirmou.
“A única certeza que temos é que vamos, em respeito à Constituição, apresentar ao Tribunal Constitucional o candidato do MPLA. Quem será? É uma questão de esperar, esperemos pelo Congresso”, acrescentou.
O MPLA chegou a ter uma liderança bicéfala após João Lourenço ser eleito Presidente de Angola em 2017, tendo o seu antecessor, José Eduardo dos Santos, permanecido como líder do partido até 2019.
Nesse ano, realizou-se um congresso no qual foram alterados os estatutos, estabelecendo que o Presidente do partido seria automaticamente o cabeça de lista nas eleições e, consequentemente, o Presidente da República.
João Lourenço cumpre o seu segundo mandato como Presidente da República e, segundo a Constituição, não poderá recandidatar-se ao cargo em 2027.
No entanto, sem esclarecer o seu futuro político nem se pretende chefiar novamente o partido no congresso do próximo ano, deixou de lado uma futura liderança bicéfala.
O líder partidário sublinhou que o resultado obtido em 2022, em que o MPLA perdeu em três províncias, não pode ser considerado menos positivo, recordando que o partido venceu com maioria absoluta, conquistando 124 dos 220 lugares na Assembleia Nacional.
“É uma diferença que deixa o MPLA com uma folga muito grande para governar com toda a legitimidade, não podemos aceitar que se diga que teve um resultado menos bom. A verdade é que venceu por uma maioria absoluta. Partidos europeus, na sua maioria, governam sem essa maioria absoluta e estão sempre dependentes da vontade de outros partidos políticos”, realçou.
“Tem que ficar muito bem claro que o MPLA está a governar com toda a legitimidade e que o resultado que teve é bastante bom”, insistiu.
João Lourenço destacou ainda que o 69.º aniversário do MPLA será comemorado com atos de massas, mas também com a inauguração da nova sede nacional, uma infraestrutura “imponente”, construída em tempo recorde, que visa criar melhores condições de trabalho para os funcionários do partido.
A nova sede, localizada na Avenida Ho Chi Minh, ao lado das antigas instalações, possui nove andares destinados a acolher os principais órgãos de direção e a cerimónia inaugural contou hoje com a presença de membros do Bureau Político, Comité Central, Conselho de Honra, primeiros secretários provinciais e militantes das organizações juvenil e feminina do partido.
O presidente do partido garantiu que o MPLA existe “para servir o povo e servir a nação” e que está focado “sobretudo no cumprimento desta responsabilidade que o povo tem dado de forma reiterada”.


