Mais de 6 em cada 10 africanos preferem um Governo democrático, mesmo que ineficiente, a outra forma de governação autoritária, de acordo com o inquérito hoje divulgado pelo Afrobarómetro, que diz representar 80% em 39 países no continente.
“Neste atarefado ano de eleições, os africanos mostram um empenho irredutível na democracia e nas normas democráticas, com as maiorias a preferirem a democracia e a defender eleições, órgãos de comunicação social livres e limites aos mandatos presidenciais”, lê-se no comunicado de imprensa distribuído a propósito da divulgação do mais recente inquérito anual, feito em vários países africanos.
O diretor executivo do Afrobarómetro, Joseph Asunka, disse que o panorama geral “é encorajador, com apoio popular generalizado às práticas democráticas; em todo o continente, a boa notícia é que os africanos continuam solidamente empenhados na democracia, que continua a ser a opinião maioritária”.
Em 20 países inquiridos em 2021 e no ano passado, 67% dos africanos expressaram uma preferência pela democracia sobre qualquer outra forma de Governo e rejeitaram alternativas não democráticas, como a governação unipessoal (81%).
Entre as principais conclusões do inquérito, destaca-se o desemprego como a principal preocupação dos africanos (35%), seguido de perto pela gestão da economia (34%), mas apenas metade diz ter ouvido falar das alterações climáticas.
“Destes, três quartos querem que os governos tomem ações sobre o clima independentemente dos custos económicos”, acrescenta-se no comunicado.
Os resultados do Afrobarómetro são divulgados na semana anterior às eleições presidenciais na Nigéria, o país mais populoso e a maior economia da África subsaariana, e coincidem com a realização de eleições em 12 países africanos.
O Afrobarómetro é um instituto de pesquisa panafricano que opera em 39 países, com mais de 350 mil entrevistas que representam a visão de mais de 80% dos africanos, e assume-se como uma fonte de informação de alta qualidade que dá forma a vários índices sobre África, elaborados por instituições como o Banco Mundial (BM) ou a Transparência Internacional (TI).