Uma semana depois dos tumultos que abalaram a capital angolana, com o resultado de um morto e cinquenta feridos, os organizadores da manifestação abortada pelas autoridades angolanas, falam em mais de 300 pessoas que continuam desaparecidas.
A sociedade continua mobilizada e apontam o governo liderado por João Lourenço como o principal responsável pelas consequências, por ter conduzido uma resposta violenta contra jovens pacíficos e indefesos.
As reações contra a violação do direito à manifestação, previsto da Constituição da República, continuam a ser ouvidas e as redes sociais têm sido o palco das mais acirradas discussões, entre membros da sociedade civil, partidos da oposição e os defensores do regime no poder.
A cobertura pelos órgãos de comunicação social também ficou beliscada, durante a tentativa de manifestação do último sábado, com o registo de seis jornalistas detidos no exercício das funções e libertados sem acusação.
O Comité para a Proteção dos Jornalistas pediu, esta semana à polícia angolana que deixe de prender e agredir repórteres no exercício das suas funções e que lhes permita fazerem o seu trabalho.
Também o Sindicato dos Jornalistas Angolanos considerou que as sucessivas e arbitrárias detenções dos jornalistas no exercício das suas funções, como ocorreu no último final de semana, retiram à Polícia Nacional a autoridade moral para reclamar dos cidadãos o respeito às leis do país.
A marcha visava reivindicar melhores condições de vida, mais emprego e a realização das primeiras eleições autárquicas em Angola.
De acordo com o secretário de Estado do Ministério do Interior, Salvador Rodrigues, que negou a existência de qualquer morte resultante do evento, estavam detidos cerca de 90 homens e 13 mulheres, e seis polícias ficaram feridos nos confrontos com manifestantes.
Os partidos políticos na posição entendem que não se justifica os julgamentos sumários, ao passo que o partido no poder é de opinião que a lei foi violada.
O jurista Inácio Raimundo identifica alguma inconstância na actuação dos efectivos da polícia nacional e responsabiliza o presidente João Lourenço que, do seu ponto de vista, sequestrou os poderes da assembleia nacional.
Para falarsobre o assunto, ouvimos igualmente o reverendo Toni Nzinga, a vice-presidente da UNITA, Arlete Chimbinda e a vice-presidente do MPLA, Luísa Damião.
Acompanhe o destaque em áudio:
Texto da VOA