O Ministério das Relações Exteriores (MIREX) de Angola anunciou hoje que o embaixador de Israel em Luanda foi convocado devido às declarações que proferiu quinta-feira relativamente à posição de Angola no conflito no Médio Oriente, em que manifestou “profundo desapontamento”.
Nessas declarações, o embaixador Shimon Solomon manifestou-se “profundamente desapontado” com Angola por não ter condenado o ataque do Hamas ao país e acrescentou que os amigos se conhecem em tempos difíceis.
No comunicado hoje divulgado, o Ministério das Relações Exteriores (MIREX) dá conta que o chefe da diplomacia angolana, Téte António, “recebeu na manhã desta sexta-feira” o embaixador Shimon Solomon.
“O Embaixador de Israel foi convocado pelo chefe da diplomacia angolana na sequência de declarações proferidas à imprensa, relacionadas com o estado atual da situação reinante no Médio Oriente, com particular destaque para o conflito Israelo-palestiniano”, lê-se no comunicado.
A nota distribuída à imprensa destaca que, na quarta-feira, Téte António “recebeu o embaixador Shimon Solomon, onde o mesmo aproveitou a ocasião para informar ao Governo angolano sobre o conflito Israelo-palestiniano”.
Na ocasião, Téte António “informou ao embaixador israelita que o Governo angolano condena todo e qualquer tipo de ato violento que venha a perigar a paz e estabilidade da região, reiterando que a solução para o conflito passa, necessariamente, pelo cumprimento das resoluções das Nações Unidas sobre a existência de dois Estados coabitando pacificamente”.
O comunicado salienta ainda que a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, na sigla em inglês) “exprimiu seu posicionamento da região”, numa nota assinada pelo chefe de Estado angolano e presidente em exercício daquela organização, João Lourenço.
Neste comunicado, a SADC condenou os atos de violência resultantes do conflito entre Israel e a Palestina.
No primeiro parágrafo, o comunicado assinado por João Lourenço sinalizava que “lamentavelmente, a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral tomou conhecimento do ressurgimento do conflito entre Israel e a Palestina, agravando a situação de segurança entre os dois países”.
João Lourenço condenou a violência enquanto presidente em exercício da SADC mas não o fez enquanto chefe de Estado de Angola.
“Somos bons amigos de Angola, lamentamos que não tenha havido condenação deste ataque”, criticou na quinta-feira Shimon Solomon, salientando que outros países africanos como o Gana, o Quénia ou a Republica Democrática do Congo já o fizeram.
“Mas em Angola, infelizmente ainda não vimos isso”, declarou.
“A nossa expectativa, como somos amigos, era que Angola condenasse o ataque. Vemos quem são os amigos em tempos difíceis”, reforçou, afirmando que o comunicado da SADC é apenas uma condenação da violência, em termos gerais e diplomáticos, sem tomar posição.
O ressurgimento do conflito no Médio Oriente foi desencadeado pelo ataque surpresa, no sábado, do movimento islamita Hamas a Israel, que além de mortos fez reféns de diferentes nacionalidades, seguindo-se novos ataques e resposta israelita com um cerco ao enclave palestiniano.
O Hamas controla a Faixa de Gaza desde 2007 e é classificado como “grupo terrorista” pela União Europeia (UE), Estados Unidos e Israel.